AVIDEZ
Quando o ultimo fiapo de sonho se extinguiu
Eu já era um trem a me fundir com as sombras.
Mergulhado em silêncio grosso de livro fechado,
Os nervos acompanhando cada respiração
Descobri que o rigor de meus caminhos não teria fim
De ferro se constituiria meu destino.
De fracasso em fracasso construí um princípio de vitória
Encurtei o espaço entre o que era e o que viria a ser.
O que estava oculto é que nada estava oculto
Apenas a vida que se curva sobre o tempo
E assim os destroços sempre se rejuntam
A construir do aniquilamento a impressão
De que as coisas voltam a ser o que sempre foram.
Cansado de perder e de nunca ter razão,
Espremido entre silenciosas tempestades sobrepostas
Escapei dos seres sem alma
Que mudam como o vento.
E percebi que princípio, meio e fim são pedaços
Das vidas que carreguei para dentro de minha história.
Desabrigado em escombros,
Entre pedras e poeira de todos meus enganos
Esta a argamassa ressequida de meus erros.
Parece que todos esperam
No oco de medo de arriscar e perder
Estão mortos, parecem estátuas alimentando pombos.
Eu os vi. Olhos parados com seus pecados
Distribuídos pelos dias que os verão existir
Estou me reavendo, procurando indícios de mim
Velhos inimigos que de tão antigos
Tornaram-se melhores amigos.
Hoje, livre de meus vilões faço minha historia
Enquanto silencioso narcótico
Batiza a tarde insubmissa.
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Luiz Mendes
30/11/2009.