POEMETOS VENCIDOS
Paixões
Paixões são inteiras em si
Como as manhãs
Rompendo sombrias madrugadas.
Assim como a manhã que também
Se perde para a tarde
Quando tudo termina em noite.
***
Sonho
Procuro um sonho
Um sonho nunca usado
Virgem.
Procuro uma idéia num sonho
Algo que me leve além
Dessa vida atrasada e sem paradeiro
Onde tudo é muito pouco
E o quero não tem nome.
***
Sem Palavras
Bonito é tudo que parece
Concluído, acabado.
Feio é o incompleto
O movimento antes do fim.
Sentir é escapar à mediocridade
Em cada instante que se perde.
Silêncio é o segredo das noites
O que não se fala
Mas presta culto
Sem palavras.
***
Crescer
O sol flameja
Qual não houvesse no mundo
Senão luz.
Amor é carência de amor
Assim como vida
É vontade de viver.
E a gente pode até sentir
Que esta crescendo.
Embora nada seja tão emocionante
Como um dente de leite
Que caiu.
***
Saudade
De olho fixo no teto
Pensamento à espreita
Perscrutava o instante.
Presença às vezes me parece tão pouco
Saudade é mais.
Tudo é ideal e tende ao inteiro
Na lembrança.
Saudade não se completa
Transforma-se em longas reticências.
***
Ilusão
Se você tem alguma ilusão
De que o homem
Sabe o que esta fazendo
Pode esquecer;
Ele não sabe.
Sequer imagina até onde não sabe
Que não sabe.
***
Medo
Nada deve ser
Somente na medida do possível
Posto que é derrota.
Nos convenceram a estamos calmos
Quando devíamos
Estar apavorados
Por conta desse vazio
Que nos traz o desconforto
De consumir o outro para não pensar
No que pensar.
***
Esperança
Há momentos que parece
Tudo vai se explicar.
A vida vai parar
Todo seu mistério movente
E nos dizer
O porquê de tudo isso.
***
Angústia
De repente fogo
Era ansiedade da luz solar
E todas as certezas acerca de mim mesmo
Estremeceram.
Custava morrer por dentro;
Não conseguia.
Como correr calçadas
Procurando abrigo inutilmente
Pedindo a Deus que me livrasse
De mim mesmo.
***
Luiz Mendes
15/04/2010.