Nesta edição da Trip, nos dedicamos a fechar a lente nas nossas mãos. E, através delas, a tentar entender um pouco este mundo
Qualquer olhada rápida nos manuais de ciências humanas nos levará diretamente ao papel protagonista das mãos entre as múltiplas tentativas de definir o que nos diferencia dos outros animais e, mais ainda, a quando teria se dado essa diferenciação. Tudo parece estar mais ligado a um processo do que a um momento definitivo de mudança. E há, evidentemente, dezenas ou centenas de escolas, ângulos e abordagens para essa questão.
De toda a maneira, quem pender para os aspectos mais científicos/fisiológicos encontrará no polegar em pinça uma das características mais marcantes que permitiram aos homens, em contraste com seus primos e antepassados símios, a utilização muito mais eficaz das mãos como ferramentas capazes de transformar a natureza e interferir conscientemente no mundo, algo que muito tempo depois passou a ser designado como trabalho.
Na mesma linha, é fundamental considerar o momento em que o homem consegue adotar a postura ereta como um trecho marcante na evolução. Diferentemente dos outros mamíferos, quando conseguimos nos locomover apenas com os membros inferiores, liberamos nossas mãos para muitas atividades, inclusive a de fabricar outras ferramentas para facilitar a vida e explorar outras possibilidades que nossas capacidades físicas e cerebrais nos permitiam. É lícito dizer que começava ali não só nossa produção de cultura, mas também a tal revolução tecnológica que muitos associam equivocadamente às apresentações de Steve Jobs, com suas camisetas pretas de gola rulê...
Mas deixando de lado a antropologia de botequim, basta estar vivo para perceber o quanto essas nossas terminações, constituídas por estruturas de ossos, nervos, veias, tendões e músculos, das mais sofisticadas entre todas que carregamos em nossas carcaças, são determinantes para que sejamos aquilo que somos.
Nesta edição da Trip, nos dedicamos a fechar a lente nas nossas mãos. E, através delas, a tentar entender um pouco este mundo, que, perdoem o trocadilho, está urgentemente precisando de uma mão...
Créditos
Imagem principal: José Luiz Pistelli