Flagrantes da Vida Real
Estava na viela com a molecada aqui da “quebrada”. Conversávamos. Um dos rapazes, assim mais alterado que os demais, cavalheirescamente, abriu passagem para três garotas que atravessavam a viela, em trânsito para a rua de baixo. Ao passarem, sorriram e nos cumprimentaram:
_ Feliz ano novo para todos vocês...
Respondemos quase que em uníssono:
_ Pra vocês e seus familiares também...
Elas desceram sorrindo e saltitantes, comentando qual dos meninos elas gostavam mais, quem estava com que tênis, quem estava mais louco: “Cê viu a moto nova do Caio?”.
Um jovem parceiro, extremamente sutil, desceu com as meninas. Mentiu a elas que o amigo cavalheiro havia dito que estava apaixonado por uma delas. Era uma “curtição”, uma brincadeira. Como ele andava desqualificado por sua fase de constantes porres que a gente nem sabia do que, já se previa que não haveria uma boa recepção. O “amigo” voltou calado, simulando reflexão profunda.
_ Falei de você pras moças. Tentei arrumar alguém para ti. Contei que faz meses que você não sai com ninguém. Pedi que saíssem com você. Dá dó; você esta a tanto tempo fazendo sexo manual que já deve estar criando pelo no centro da mão...
Todos abriram as mãos para olhar, disfarçadamente. De repente...
_ Aquela ruivinha, sabe? A Pâmela. Disse: tá pensando...
_ Meu, cê não falou isso. Cê só pode estar brincando... Mas ela falou mesmo que ia pensar? Falou mesmo? Olha...
Perguntou ansioso visivelmente interessado na resposta.
_ Ela disse: Tá pensando o que esse maluco?! E disse que ia conversar seriamente contigo quanto você estivesse sóbrio. Cara, o negócio é você varar a semana nessa doidera!
_ Mas ainda é terça...
_ As minas vão te catar, só tô te avisando!
_ Você me arruma cada uma...
Desci para casa rindo da sutileza do sujeito. Primeiro fez o “amigo” acreditar que a moça ia pensar no caso pra depois detonar o sujeito quando este estava todo cheio. Esses meninos...
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Luiz Mendes
01/01/2013.
