O pastor do pinto

por Sabrina Duran

Diz o pastor: pintos do mundo inteiro, vinde a mim e salvai-vos da muxiba eterna!

Crescia e crescia a curiosidade das pessoas quanto mais o pastor manipulava, em praça pública, um pênis de papel em 2D. Pra cima, pra baixo, de um lado pro outro. Colocava o falo de cartolina diante da pélvis pra coisa ficar mais didática. A platéia de homens, atenta e muda, não descolava os olhos: o pinto era quase um oráculo. Naquela tarde de terça-feira, o pastor do pinto estava engajado em salvar todos os falos bogotenhos das maldições que ele revelava em fotos coloridas: pênis e mais pênis desfigurados, muxibentos, supurentos, em carne viva, doentes e repugnantes, escrotos que íam até os joelhos e tinham o tamanho de uma bola de pilates. Entre perdigotos que espargia enquanto pregava, o pastor do pinto nomeava os responsáveis por todas aquelas anomalias: café, cigarro, masturbação em excesso e sexo anal. A solução? Ainda não, faltavam suas credenciais: faz 14 anos que estudo o assunto, senhores, dou até palestra em faculdade!, bradava o pastor. No púlpito improvisado com uma toalha vermelha estendida no chão, duelavam imagens desencontradas - pênis enfermos e casais sorridentes em acrobáticas posições sexuais. A solução? Aiiiiinda não, pois faltava esclarecer suas intenções: aproximem-se, senhores, eu não estou vendendo nada. Ah, não? Sobre a toalha, um ramaço de babosa e uma resma de panfletos com a propaganda de um elixir feito à base da planta. Agora, sim, a solução: Pintos do mundo inteiro, salvai-vos da muxiba eterna pelo meu extrato de babosa!

 

El pastor del pito

Crecía y crecía la curiosidad de las personas cuanto más el pastor manipulaba, en la plaza pública, un pene de papel en 2D. Para arriba, para abajo, de un lado para el otro. Colocaba el falo de cartulina delante de la pelvis para que la cosa quede más didáctica. La platea de hombres, atenta y muda, no despegaba los ojos: el pito era casi un oráculo. En aquella tarde de martes, el pastor del pito estaba empeñado en salvar todos los falos bogotanos de las maldiciones que el revelaba en fotos coloridas: penes a más penes desfigurados, flácidos, supurantes, en carne viva, enfermos y repugnantes, escrotos que iban hasta las rodillas y tenían el tamaño de una bola de Pilates. Entre la saliva  que rociaba mientras pregonaba, el pastor del pito nombraba a los responsables por todas aquellas anomalías: café, cigarro, masturbación en exceso y sexo anal. ¿La solución? Todavía no, faltaban sus credenciales: hace 14 años que estudio el asunto, señores, ¡ doy hasta palestra en facultad!, gritaba el pastor. En el pulpito improvisado con una toalla roja extendida en el suelo, duelaban imágenes desencontradas -penes enfermos e parejas sonrientes en acrobáticas posiciones sexuales. ¿La solución? ¡Todavía no!, pues faltaba esclarecer sus intenciones: aproxímense, señores, yo no estoy vendiendo nada. Ah, ¿no? Sobre la toalla, unas hojas de Aloe vera y una resma de panfletos con la propaganda de un elixir hecho a base de la planta. Ahora, si, la solución: ¡Pitos de todo el mundo, salvaos de la flacidez eterna por mi extracto de Aloe vera!

Tradução: Carlos Paz

fechar