Como você olha para os deficientes visuais? Já se colocou no lugar de um deles? Joanna Maranhão sim. “Eu nunca pensei no valor da minha independência até ter vivido isso”
Se você está lendo essa matéria com os olhos, receio não ter uma boa notícia: é possível que enxergue bem menos do que o mundo tem a oferecer. Em seu livro ‘Ensaio sobre a Cegueira’, o português José Saramago cria uma alegoria (tecnicamente isso não é um spoiler!) de resgate à lucidez e ao afeto, há muito perdidos. E o faz de maneira singular, com uma cidade afetada pela “cegueira branca” – justo por não ser física, e sim da alma.
A exposição Diálogo no Escuro apresenta uma experiência sensorial impactante. Durante pouco menos de uma hora, pessoas de diferentes idades e estilos vivenciam o mundo como um deficiente visual.
A Trip e a APEX-BRASIL, patrocinadora do projeto, convidaram a nadadora Joanna Maranhão para sentir na pele como é o dia a dia dos deficientes visuais.
Qual a sua relação com a visão? Eu preciso da visão para absolutamente tudo. As pessoas perguntam: o que você sente quando está nadando? Mas a coisa visual é muito forte. Olhar para a piscina, o fascínio que eu tenho por aquilo que enxergo. Por mais que eu vivencie, acho que não vou compreender na sua plenitude, mas com certeza vai me tocar de forma surpreendente.
O que perguntaria a um deficiente visual? Você mudaria alguma coisa em sua vida?
Como foi a experiência para você? É muito forte, tem que confiar na voz de uma pessoa que você não conhece. Fiquei muito aflita porque teve um momento em que todos estavam falando muito, acho que precisavam dessa noção de segurança. A questão do cheiro é sublime, parece que você se foca mais no olfato. Eu vou olhar os deficientes visuais com mais admiração ainda. Tenho fascínio pela piscina, por aquele quadrado de água azul. Um nadador deficiente visual talvez tenha o mesmo fascínio ou até maior, mas enxerga isso de outra forma.
Joanna, você mudaria alguma coisa em sua vida? Eu seria ainda mais grata. São coisas simples que eu posso fazer na vida sem precisar de ninguém. É muito difícil criar uma independência, eu nunca pensei no valor da minha, até ter vivido isso hoje aqui.
VAI LÁ:
Onde: Museu Histórico Nacional. Praça Mal. Âncora S/N – Centro, Rio de Janeiro, RJ
Horários: 3as a 6as (10h a 17h30 – última entrada às 16h30) | sábados e domingos (14h às 18h – última entrada às 17h)
Preço: R$ 12 / R$ 6 (meia-entrada)
Como comprar: www.ingressorapido.com