por Alê Youssef
Trip #190

Youssef conta como acabou aceitando o desafio de lancar uma candidatura a deputado federal

A política sempre fez parte da minha vida. No colégio, fui representante de classe e lembro de brigar pela criação do grêmio estudantil. Era época do impeachment do Collor e eu procurava um meio de me expressar diante dos acontecimentos. Na universidade, fui presidente do centro acadêmico da faculdade de direito. Foi um período em que convivi com grandes juristas, como o advogado José Carlos Dias, que foi muito importante na minha vida. Também fui coordenador do Núcleo de Cidadania do Mackenzie. Nessa época, conheci o Betinho, meu maior ídolo e meu grande guru. Participei da Ação da Cidadania, a famosa campanha dele de combate à fome. Depois de formado, dei aula de política e cidadania em colégios de São Paulo e frequentei a Escola de Governo - curso de formação de governantes.

Em 1999, fui pego de surpresa. O José Carlos Dias foi nomeado ministro da Justiça e me convidou para ser seu assessor particular. Mudei pra Brasília e acompanhei o ministro pelas capitais do país e pelo exterior e participei da discussão sobre uma nova e moderna política de segurança pública.

Um ano depois, estava em São Paulo participando da campanha de Marta Suplicy à prefeitura. Eleita, ela me convidou para implantar a Coordenadoria da Juventude, órgão que coordenei durante os quatro anos de governo. Nessa época, criamos vários projetos relacionados à cultura jovem. Em 2004, participei do lançamento da candidatura da Soninha à câmara dos vereadores, coordenei sua campanha e fui seu chefe de gabinete por dois anos.

OFICIAL E UNDERGROUND

Nas minhas experiências privadas, o aspecto público sempre foi marcante. No Studio SP, casa noturna da qual sou sócio, criamos uma plataforma de lançamentos da nova música brasileira, revelando uma cena que hoje ocupa lugar de destaque. Participei da criação do Overmundo - site colaborativo feito para difundir a cultura brasileira. Além disso, assino esta coluna na Trip, que me estimula a debater e propor novas alternativas pra nossa política.

Apesar de tudo, confesso que sempre tive certa vergonha de assumir que meu caminho era o da política. Mas, nos últimos meses, uma série de acontecimentos transformou essa vergonha em orgulho, porque, de certa forma, os mundos da política e da cultura se encontraram. O grafite invadiu o Masp na exposição da Choque Cultural e conquistou o espaço merecido. Os Gêmeos e outros artistas que conheci pichando muros se tornaram reconhecidos internacionalmente. Reunimos mais de mil pessoas no Festival de Política da Trip no ano passado, e o Studio SP se inseriu num grande processo de revitalização da região hoje conhecida como Baixo Augusta, que rendeu até bloco de Carnaval.

Participei de experiências e convivi com personagens importantes nas viagens oficiais e nos gabinetes, mas também mergulhei no imaginário underground de São Paulo e conheci a vanguarda. Sinto-me preparado para juntar esses dois universos, que podem parecer distantes um do outro, mas, na verdade, não são. Tanto a política precisa largar a caretice como nossa geração precisa se engajar para ser representada.

É por tudo isso e estimulado pela querida Marina Silva, com quem fui para o PV em busca de um novo jeito de fazer política, que aceitei o desafio de lançar minha candidatura a deputado federal. Como não farei uma dessas campanhas caríssimas, bancadas por lobbies que comprometem a atuação de todos os políticos, nem vou cair na demagogia do curral eleitoral que compra votos, é pela internet que vou expor minhas ideias. Para conquistar o voto de quem pensa como eu e para elevar o nível do debate político.

Alê Youssef, 35, é sócio do Studio SP e foi um dos idealizadores do site www.overmundo.com.br. Seu e-mail é ayoussef@trip.com.br

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