Kiko Dinucci: Brincando de Cinema

por Cleiton Campos

“Breve em nenhum cinema” discute o fim das tradicionais salas do centro de São Paulo

"Comodoro?! Comodoro?! Cadê você, Comodoro?", murmura o personagem de Eduardo Climachauska, enquanto vaga pelas ruas do centro, com uma Super 8 em punho. A figura, trajando um figurino inspirado em Stallone Cobra parece perdido no tempo e, sua busca, será em vão.  

Afinal, o “Comodoro” em questão é o extinto Cine Comodoro, localizado na Av. São João - uma das muitas clássicas salas de cinema que São Paulo perdeu, como efeito colateral da degradação do centro e a migração do cinema para os shoppings a partir dos anos 90.

Assista a entrevista no player abaixo:

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“Qualquer sala de São Paulo tinha mil lugares, até as de bairro”, recorda o diretor Kiko Dinucci, sem conseguir esconder o saudosismo: "As pessoas começavam a namorar nestas salas, brigavam, iam comer um lanche no boteco em frente pra discutir o filme. E o mais triste é que ninguém sente falta. Será que sou só eu?”, questiona.

Mais conhecido por seu projetos musicais (Metá, Metá, Passo Torto, etc), Kiko tem o cinema como sua grande paixão. A saudade cinéfila das salas que frequentou na infância, foi transformada em um "documentário de aventura" (na definição do próprio). Onde seus personagens percorrem os endereços das antigas salas, mas se deparam apenas com igrejas evangélicas, cinemas pornôs, ocupação sem-teto, ruínas ou novos empreendimentos imobiliários.

Provavelmente, você não vai ter a chance de encontrar Breve em nenhum cinema em cartaz, mas o filme estará disponível na íntegra na web no início de 2016.

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