por Luiz Alberto Mendes

A  Neurótica

 

_ O que é isso, Luiz António?

Perguntou a jovem esposa a seu jovem marido, virando no dedo indicador da mão direita uma calcinha preta que parecia deformada pelo uso.

_ O que é iiiisto, Luiz Antonio?

A voz soava estridente, seu rosto esta da cor da tarde que se escondia nas sombras da noite. Embora simulasse sorrir, seus nervos estavam tensionados ao máximo. Com a outra mão na cintura, disparava pressão para todos os lados, exibindo a prova acusatória no ar.

_ Não sei, meu bem, deve ser sua. Alias, essa é a sua casa, então só você mesma pode dizer...

Responde o rapaz imerso na tranquilidade dos inocentes e na treinada maneira de dar pouca atenção às explosões de ciúmes da esposa.

Satisfeita com a resposta e um tanto avexada pelo ridículo da cena, ela ergue a saia e na maior cara de pau sai andando, vestindo a calcinha e dizendo:

_ Só pode ser minha mesmo, né? Era só pra ver se você cai em contradição...

O rapaz sorri levemente e a olha balançando a cabeça, desolado.

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Luiz Mendes

10/08/2010.

 

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