A Certeza da Impunidade

por Luiz Alberto Mendes

 

Impunidade

 

Grande punição recebeu o ex-senador Demóstenes Torres. Perdeu o mandato de senador que o voto dos enganados por ele lhe transmitiu. Então voltou a seu Estado natal para reassumir seu lugar anterior de Procurador da Justiça.

Mas e o dinheiro que ele levou no esquema do Carlinhos Cachoeira? Porque ele não prevaricou tanto e por tanto tempo de graça, disso ninguém vai me convencer. Ideologia? Pelo jogo, pelo lixo ou pelos ônibus? E os crimes que cometeu para beneficiar o infrator? Quem o processará por isso? Quem vai pagar por tais crimes? Corrupção é crime inafiançável e imprescritível. Dos mais graves, hediondo, até onde sei.

Exatamente por essas e outras tantas que acontecem em nosso país, que quando me perguntam se acho justo eu haver cumprido mais de 30 anos de prisão, respondo que sim e que não. Sim porque cometi os piores crimes capitulados pelo Código Penal. Então era justo, dentro da lei, que eu pagasse em moeda de dor e sofrimento pelo que fiz.

Não. Não acho justo que eu tenha cumprido a pena máxima do país (paguei até 1 ano e 10 meses a mais do que o previsto por lei). Isso porque parece que só eu tenho que cumprir pena pelos meus erros. Para os outros não há necessidade alguma.

Quando digo que cumpri os 30 anos, algumas pessoas não acreditam que alguém tenha cumprido mais de 30 anos neste país. Principalmente gente ligada à polícia e à justiça.

 Mesmo fazendo 8 anos que sai da prisão sem cometer um único deslize sequer, ainda tem quem me considere ex-presidiário. Até hoje não consegui um emprego, o preconceito me persegue. E o “ilustre” ex-senador, quem me garante que não vá continuar prevaricando, se nem preso foi pelos crimes que cometeu? A certeza agora da impunidade não irá impulsioná-lo a novos delitos? Como admitir que um homem acusado e condenado por seus pares por alta corrupção possa ainda ser Procurador de Justiça? Não é absolutamente obvio? Ora, justiça...

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Luiz Mendes

24/07/2012.

 

 

 

 

 

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