Pete Cabrinha desce a maior onda do ano
Há cerca de 10 anos, a revista "Surfer", publicou uma foto impressionante: um windsurfista, Pete Cabrinha, velejando/surfando uma onda que, para os padrões da época, era tão grande que mereceu destaque na publicação, exclusiva de surfe.
Era a descoberta de Jaws, Maui, Havaí, até então privilégio de alguns poucos e bons windsurfistas que saíam da praia vizinha de Hookipa e se aventuravam pela área. Aquela foto revelou a maior onda do mundo e mexeu com os surfistas big riders.
Nessa época, o tow in engatinhava. O pioneiro Laird Hamilton já havia tentado no North Shore de Oahu com a ajuda de um Zodiac e iniciava as experiências do reboque com jet skis. Surfar Jaws com aquelas dimensões usando apenas a propulsão dos braços era, e continua sendo, impossível.
A experiência do wind nas ondas gigantes aproximou Cabrinha e Dave Kalama de Hamilton, e juntos fundaram o Strapped Team, o primeiro grupo treinado para o surfe tow in. Daí para a frente o big surfe nunca mais foi o mesmo.
O dia, o do título, entrou para a história do surfe. Foi em 10 de janeiro deste ano que um homem desceu a maior onda já surfada. O responsável pelo novo recorde mundial é o americano Pete Cabrinha, 42. Depois de muito debate e medições empíricas (já que elas são feitas em cima da foto de melhor ângulo) os juízes do Billabong XXL Global Big Wave Award decidiram que o prêmio máximo seria dele.
Na briga pelo título estava também, entre três outros, o brasileiro Danilo Couto, que surfou Jaws no mesmo histórico 10 de janeiro. A face da onda de Cabrinha, segundo os organizadores do XXL, tinha 70 pés, dois a mais do que a dropada pelo brasileiro Carlos Burle em Maverick's, em 2001. Até então era de Burle, que em 2002 levou o XXL, a honra de ter surfado a maior onda de que se tinha registro.
O que os juízes fazem é comparar a onda em relação ao tamanho do surfista e, por horas, debater, comparar fotos, e determinar um campeão. É natural portanto que haja controvérsias sobre vencedores e recordistas, mas o fato é que a comunidade do surfe esteve reunida na sexta-feira, dia 17, em Anaheim, EUA, para celebrar o esporte e eleger seu mais novo ícone. Eram 1500 pessoas, num clima digno de Oscar, dentro do Grove Theather. Além da big wave, prêmios como a maior onda na remada e o surfista mais dedicado da temporada também seriam entregues.
Quando a principal categoria da noite ia ser anunciada, Cabrinha se colocou de pé no corredor. Veterano, via ali sua chance de entrar para a seleta lista de vencedores do cabeludo torneio. Na falta de uma fórmula mais precisa para a medição, o que se pode dizer é que o julgamento foi imparcial, justo. Mas a pergunta que corria de boca em boca era: quem seria o vencedor se Laird Hamilton, radicalmente avesso às competições, tivesse se inscrito no concurso? Ele surfou Jaws no mesmo dia e, assim como Cabrinha, optou surfar para a esquerda uma onda que, para muitos que presenciaram, foi maior.
Para Danilo Couto, e todos nós brasileiros, ficou a frustração de, por uma margem ínfima, se é que de fato existe, não colocarmos, ao lado de Carlos Burle e Rodrigo Resende, mais um nome na galeria dos grandes campeões do big surfe.
As dúvidas permanecem, mas o que fica é a grandiosidade de eventos desse tipo, a criação de novos mitos para o esporte e o cheque de 70 mil dólares que Cabrinha levou para casa.
NOTAS
WCT Austrália
Joel Parkinson venceu seu conterrâneo Taj Burrow na final caseira do Rip Curl em Bell's. Andy Irons, terceiro na prova, assumiu a liderança do ranking e quatro brasileiros estão entre os top 16.
Escalada esportiva
Neste sábado, na Climbing, acontece a primeira etapa do Campeonato Paulista, modalidade boulder. Destaque para a apresentação de um grupo de escaladores cegos.
Expo Adventure Nordeste
Começa hoje em Recife (PE) a primeira edição da feira de ecoturismo e esportes de aventura. A geografia da região contribui e o evento estréia com força.