O melhor do Trip FM em 2023: Eduardo Schenberg

por Redação

Confira um dos melhores papos que rolaram durante este ano enquanto preparamos mais episódios inéditos para 2024

Durante o período de férias de verão, nossa equipe selecionou alguns dos melhores papos do ano de 2023. Se você ainda não ouviu (ou que rever a conversa) aqui está uma das escolhidas.

 relação pessoal e profunda do neurocientista Eduardo Schenberg, de 43 anos, com a ayahuasca tornou-se um caminho para ele impactar a vida dos outros, ao iniciar uma investigação sobre os benefícios do uso de psicodélicos para tratar a saúde mental das pessoas – além do chá preparado a partir de um cipó, inclua na lista o LSD, MDMA [sigla do composto químico metilenodioximetanfetamina, princípio ativo do ecstasy] e a psilocibina (presente nos cogumelos alucinógenos). Seu ponto de partida foi estudar o efeito da ayahuasca no cérebro de voluntários saudáveis, objeto de estudo do pós-doutorado iniciado em 2011 na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na sequência, entre 2014 e 2015, partiu para o Imperial College de Londres, onde foi o único brasileiro a participar do primeiro estudo mundial que trouxe imagens da atividade cerebral sob efeito de LSD.

Da Inglaterra, Eduardo trouxe novos conhecimentos e a velha certeza de que fazer ciência no Brasil é lutar diariamente. Essa situação, no entanto, não parou Eduardo em sua busca por entender como as drogas psicodélicas podem agir positivamente na vida das pessoas. Junto com o pós-doutorado na Unifesp, o paulistano havia iniciado as atividades do instituto Plantando Consciência, organização sem fins lucrativos onde desenvolveu suas pesquisas com psicodélicos. Entre os estudos que conduziu, estava o uso de MDMA em voluntários diagnosticados com transtorno do estresse pós-traumático (TSPT) – pessoas que passaram por situações extremas, como sequestro, abuso sexual, tiroteio, assalto, morte repentina de familiares etc.

Ao atravessar os preconceitos e estereótipos associados a drogas normalmente lembradas pelo uso recreativo, Eduardo passa a procurar respostas para perguntas que, no Brasil, não vinham sendo feitas. Dessa forma, se alinha ao que se vê com cada vez mais frequência em grandes centros de pesquisa pelo mundo. O MDMA foi sintetizado em 1970 e, na década seguinte, como princípio ativo do ecstasy, passou a ser usado de modo recreativo, o que resultou na proibição. Nos Estados Unidos, a retomada do trabalho com a droga para fins terapêuticos se deu nos anos 90 e, até 2025, a substância deve entrar para a lista de medicamentos liberados pelo FDA, o órgão responsável por regulamentar remédios e tratamentos nos EUA.

Hoje em dia, Eduardo está a frente do instituto Phaneros, que se prepara para poder começar a tratar até 220 pacientes, aqui no Brasil, entre 2024 e 2025, por meio de psicoterapias assistidas por MDMA e psilocibina, mas que ainda depende de financiamento e acaba de abrir uma campanha de financiamento coletivo por em www.catarse.me/pap2023

Em um papo com o Trip FM, Eduardo conta sobre tudo isso, em um papo muito interessante que fala ainda de ancestralidade, reconexão com a natureza e o estado da saúde mental no Brasil e no mundo.

Créditos

Imagem principal: Mario Ladeira

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