À espera do terceiro filho, o ator avalia os aprendizados como pai de Titi e Bless, duas crianças negras, e não esconde o que pensa do governo, pois acredita que fazer arte é fazer política
Um dos atores mais conhecidos da sua geração, Bruno Gagliasso descobriu a paixão pela atuação aos 17 anos, quando estreou na novela Chiquititas, do SBT. Hoje com 38 anos, ele fez carreira na televisão e já esteve em mais de 20 produções, entre novelas e séries, na Rede Globo, emissora onde trabalhou por 18 anos, até o ano passado. Ali viveu de galãs e mocinhos a personagens complexos, como um esquizofrênico e um serial killer. Agora, o ator prepara sua estreia em um projeto para o streaming.
Pai de Titi e Bless, duas crianças nascidas no Malawi que adotou junto da apresentadora Giovanna Ewbank, com quem é casado há 10 anos, Bruno espera pelo nascimento do terceiro filho, primeiro biológico, e delira com o cotidiano de criar os pequenos: "Amo ensinar, amo ter que me preocupar, amo pensar no que eu quero deixar para eles como legado. Nasci para ser pai". Mas a paternidade também trouxe um aprendizado doloroso para o ator: lidar com o racismo, do qual a filha, ainda criança, já foi vítima mais de uma vez. A vivência de enfrentar e denunciar o preconceito contra sua família tem sido uma jornada de descoberta para ele, que se incomoda de ter enxergado essa faceta do Brasil só agora. "Virou obrigação estudar sobre a história da África, sobre a nossa cultura, agora. Nossos heróis eram os europeus. Porra, a gente tinha que estudar a história da África", conta.
“Se você não se opõe ao que está acontecendo, você escolheu um lado.”
Bruno Gagliasso
Além de se tornar uma importante voz antirracista, o ator tem incomodado muita gente ao se posicionar politicamente nas redes sociais e não esconde sua frustração com as decisões de quem lidera a nação diante da pandemia do coronavírus, nem a decepção com o posicionamento da colega de profissão e agora ex-secretária da Cultura, Regina Duarte. "Se você não se opõe ao que está acontecendo, você escolheu um lado. Se fica omisso, você está concordando com aquilo. Eu sou muito claro, sou oposição pura", diz o ator.
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Apesar de manifestar claramente sua insatisfação com o que chama de desgoverno, Bruno se mantém otimista com as mudanças que podem vir pela frente. "Eu tenho esperança sempre, mesmo com o nosso país dando porrada na gente. Eu faço arte, não posso deixar de fazer o que eu acredito", contou. No Trip FM, Bruno fala sobre a mudança na carreira, a família e a necessidade que sente de dizer o que pensa sobre o momento que estamos vivendo no Brasil: "Cabe a mim discutir e levar essas questões porque somos artistas, fazer arte é fazer política".
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