Gabriela Marcondes é médica, poeta, estuda música e aproveita a tecnologia em suas poesias
Durante os dez anos da formação em medicina e da especialização em endocrinologia, a carioca Gabriela Marcondes, 38 anos, não ficou tão perto da poesia quanto gostaria. Então, Videoverso (ed. Sete Letras), seu primeiro livro, demorou a sair. Isso foi em 2006. IPads e smartphones ainda não eram comercializados, mas Gabriela queria mostrar o que para ela é tão óbvio: palavras têm movimento. “Queria que o leitor conseguisse interagir com ele”, conta ela, que até hoje não entende direito a escolha pela medicina.
Já a poesia, Gabriela diz ter nascido com ela. “A poesia é simples. É o que as pessoas veem todo dia e não percebem. Eu anoto isso”, explica. O segundo livro, Depois do Vértice da Noite (ed. Sete Letras), de 2010, traz poemas curtos, fluidos e aparentemente desconexos. “Um livro de poesia não se faz juntando um monte de poemas. Eles são fragmentados, mas contam uma história”, explica a médica.
Essa necessidade de conexão fez Gabriela se interessar pelo trabalho do carioca Bruno Vianna que, após o mestrado em arte e tecnologia em Nova York, criou um aplicativo de poesia para iPads e para smartphones que possuam o sistema touch como o do iPhone. Assim, versos inéditos e alguns dos livros da autora foram publicados com movimento real. O mecanismo é simples. No caso da ampulheta (foto abaixo), basta virar o aparelho de ponta-cabeça para ver as letras de um poema se transformando em outro. O aplicativo está disponível no site Android Market (basta procurar por Ampulheta).
Por enquanto, Gabriela concilia o atendimento em consultório com a vida de poetisa. “Vejo poesia na medicina, o que não gosto é que preciso ser séria. Mas todo conflito é criativo”, brinca a endocrinologista, que, além de tudo, está finalizando seu mestrado em música na UFRJ para mostrar a diversidade de que é capaz.