por Flora Paul

Falamos com Rebecka Rolfart, guitarrista da banda Those Dancing Days, em turnê pelo país

Com um tecladinho marcante e melodias bastante pop, a banda de meninas Those Dancing Days saiu da Suécia, ganhou fãs no Reino Unido e, agora, está em turnê pelo Brasil, fazendo parte da quarta edição do festival Invasão Sueca.

Quando ainda nem imaginavam fazer mais do que pequenos shows em sua terra natal, o quinteto, que se formou no colégio, foi abordado por sua atual gravadora para lançarem um disco. Mas mesmo com In our space hero suits, álbum de estreia de 2008, as meninas ainda têm empregos comuns. E os pais da guitarrista  Rebecka Rolfart, que falou ao site da Tpm por telefone, nem imaginam o sucesso da banda: “Eles falam: 'Poxa, legal, você vai tocar na América'”.

Batemos um papo com Rebecka sobre bandas novas, moda, o medo de lançar um segundo disco e música brasileira.

Você formaram a banda no colegial. Já se conheciam antes disso?
Bom, eu, a Mimmi e a Lisa até tínhamos uma banda antes dessa, porque somos amigas de infância. Depois a Mimmi conheceu a Cissi pela escola e eu estudava com ela na mesma classe. E foi meio por aí. Quando começamos a banda, estudávamos todas na mesma escola.

Como foi, de repente, uma gravadora chegar em vocês dizendo que queria gravar um disco da banda?

Foi muito divertido. Foi uma experiência nova para todas nós, porque já tocávamos nossas próprias músicas por um ano e foi uma delícia gravar, porque já tínhamos ensaiado todas as nossas músicas muitas vezes ao vivo. Já tínhamos gravado uma demo, então é claro que queríamos gravar um álbum inteiro, mas quando começamos nós não pensávamos que isso realmente aconteceria no nosso futuro.

O que você queria fazer quando era pequena? Sonhava em ter uma banda?
Olha, eu sei que a Cissi queria, ela sempre sonhou com isso desde que a conheço, e nos conhecemos quando tínhamos 4 anos. Ela tinha até uma bateria de plástico. Acho que todo jovem tem um sonho meio escondido de querer ser famoso, ou algo do tipo. Antes eu não queria ter uma banda, mas agora realmente quero! [Risos.]

Cissi faz estágio em uma revista e as outras meninas da banda também têm empregos. Como é trabalhar e ter uma banda?
Eu e a Mimmi estamos tentando arranjar um emprego, na verdade! Mas as outras meninas trabalham. É um pouco estranho voltar de uma turnê e depois trabalhar em um café, é como se houvessem dois lados, mas também é um pouco bom, porque nos mantém com os pés no chão. Ensaiamos três vezes por semana, geralmente no fim da tarde ou à noite, para conseguir administrar com as outras atividades. Um dia comum seria trabalhar, ver uns amigos e depois ensaiar.

Mas vocês provavelmente gostariam de viver só de música.
Eu realmente espero que isso seja possível. Talvez até fazendo outros tipos de projeto musicais além da banda. Seria legal poder escrever músicas para outras pessoas. Ninguém sabe que foi você que escreveu, mas você sim e pode sorrir para si mesma. Mas o maior sonho seria viver disso, fazendo sua própria música, seria incrível. Acho que assim você se esforça para fazer sempre mais, luta por isso por ser seu trabalho cotidiano, para fazer mais coisas e deixar mais pessoas felizes com o que faz.

E os pais de vocês apoiam a ideia de terem uma banda?
Sim, com certeza. No começo nós não tínhamos nem carta de motorista para ir para os shows e eles nos ajudavam levando os equipamentos de um lado para o outro. Todos os pais sempre nos ajudaram e apoiaram muito. Mas acho que eles não entenderam o que aconteceu. Pelo menos os meus eu sei que não. Eles falam: “Poxa, legal, você vai tocar na América”, mas eles nem imaginam quão legal isso é. E eles não ficam falando coisas como “Arrume um emprego normal”.

Vocês colocam suas músicas no MySpace. O que você acha das pessoas baixarem música pela internet?
Acho que toda a indústria da música mudou pelo fato de as pessoas fazerem downloads. Eu já fiz os meus. Contanto que a música seja ouvida. Eu prefiro que as pessoas possam baixar nossas músicas, que possam ouvi-la. É claro que, como músico, você gostaria de ganhar dinheiro pelo fato de as pessoas ouvirem sua banda. Mas acho que também tem outro lado, o de que, gratuitamente, mais pessoas ouvem suas canções e resolvem ir ao seu show.

A banda tem influências dos grupos femininos dos anos 60, mas vocês ouvem música atual?
Temos uma boa mistura de influências. Ouço muita música, e muita música nova também, de bandas como Animal Collective e Dearhunter. Eu amo bandas novas. Algumas pessoas acham que só as músicas dos anos 60 e 70 são boas, mas acho que muitas bandas boas e muita música boa estão sendo feitas agora.

Vocês já estão produzindo coisas para o próximo disco. Existe aquele medo de fazer um disco novo e não ser bem aceito?
Ainda não estamos gravando, mas estamos trabalhando nele e espero que seja lançado no meio do ano que vem. Acho que existe uma pressãozinha. Mas nós mal podemos esperar para lançar um disco novo. Espero que as pessoas gostem, quer dizer, eu gosto das novas músicas. São um pouco diferentes, mas mesmo assim você consegue ouvir que somos nós.

Como surgiu o nome do primeiro disco, In our super hero suits [Em nossas roupas de super-herói]?
Veio de uma música escrita por Mimmi, que descreve como nos sentimos quando estamos tocando. Quando estamos no palco ou no estúdio, ensaiando, parece que podemos fazer qualquer coisa que quisermos. É o melhor sentimento do mundo. Não é como se vestíssemos roupas de super-herói, nem nada, mas você se sente meio como um super-herói.

A banda se preocupa com o que veste, tem um pé na moda?
Sim, nós temos. Todas nós somos muito interessadas em roupas e moda. Principalmente quando tocamos ao vivo, queremos estar bem, mas fazemos questão de que as roupas sejam confortáveis, porque fazemos um show melhor. Já usamos roupas de balada, mas, se você não está confortável com o que está vestindo, as pessoas percebem.

E como está sendo a estada no Brasil?
Está sendo incrível. É uma pena que o tempo esteja um pouco ruim em São Paulo. Nós fugimos da Suécia para nos livrar do frio, achando que iríamos para um paraíso quentinho, mas estamos com o mesmo clima! Mas estivemos em Recife na semana passada, e estava uns 30 graus. As pessoas são sempre muito gentis e os shows, muito bons, a plateia é sempre muito boa.

Você viu algum show esses dias que está por aqui?
Ontem à noite vimos o Zombie Zombie, uma banda francesa bem legal. E sempre vejo os shows da Britta Person, que está em turnê conosco. Também vi o Beirut. Mas seria legal ver alguma banda brasileira.

Você conhece música brasileira?
Ouvimos o Cansei de ser sexy, o CSS, e já tocamos com o Bonde do Rolê. E também,sabe como é, nós ouvimos falar sobre bossa nova, sabemos historicamente, mas nunca ouvi. É mais uma função no tecladinho que tenho em casa.

Vai lá:
Those Dancing Days no Sesc Pompeia
R. Clélia, 93, Pompeia, São Paulo
Quando? Dia 25 de setembro às 21h
Quanto? R$ 30 (meia-entrada e descontos para comerciários matriculados no Sesc e seus dependentes)
Tel.: (11) 3871-7700

Those Dancing Days no Porão do Beco
Av. Independência, 936, Independência, Porto Alegre
Quando? Dia 26 de setembro às 23h
Quanto? R$ 25 (sujeito a alteração na porta)
Tel: (51) 3026-2126

Those Dancing Days no Centro Cultural da Juventude
Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo
Quando? Dia 27 de setembro às 16h30
Quanto? Grátis
Tel.: (11) 3984-2466

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