Eu até já fui meio VIP. Mas tinha esquecido como esse mundo era até que caí sem querer em uma festa das it girls da Alemanha e aviso: elas são iguais às do Brasil!
Teve uma época na vida em que eu fui meio VIP. Sim, se você é jornalista você acaba sendo um pouco VIP (não Vipão, mas Vipinho). Ou, pior, um tipo de VIP mais ridículo que é o VIP jornalista. Isso acontece por exemplo em camarotes do Carnaval. Se você está trabalhando em um deles, você não deixa de ser um VIP, porque tem comida de graça, bebida, uma vista boa etc. Só que, como castigo por ser jornalista, você tem que usar um colete escrito bem grande: IMPRENSA! Esse colete é uma das coisas mais humilhantes dessa profissão. Mas também já fui vip em festas, desfiles, onde me pegaram pela mão e me sentaram em um belo de um lugar na primeira fila.
Desde que virei hippie em Berlim, eu tinha esquecido que existia um mundo VIP. Eu só lembro no Instagram, onde acompanho editoras de moda em festas VIP em Paris, blogueiras em fins de semana vipérrimos em Trancoso e por aí vai. É um mundo colorido aquele do Instagram, cheio de champanhe, cabelos loiros perfeitos e frases como #aboutlastnight (essa é só uma das hashtags irritantes do mundo VIP. A outra é aquela mesmo: #mimo).
Pois acontece que, desavisada, hoje fui parar dentro do Instagram. Calor de 33 graus no hemisfério norte (não é assim que se fala de um jeito sério?) e eu pego a minha bicicleta e vou até a piscina mais próxima. A piscina mais próxima é um ex galpão squat que foi comprado por um jovem milionário e transformado em uma balada de playboy. Tem um deck e "gente bonita".
Chego lá. Vejo uma lista de nomes na porta. As espreguiçadeiras perto da piscina e umas cangas gigantes têm placas escrito: "reservado". Estou em um evento VIP.
E elas começam a chegar. São hordas de mulheres de cabelos longos e coque alto. Meninas muito novas com saia tão alta que quase chega no peito e… pronto. Elas sentam nas espreguiçadeiras VIPS.
Acho que estou tendo uma alucinação porque… Eu entrei no Instagram da Vogue! Eu entrei no Instagram da Lala Rudge! Elas são loiras, tomam champanhes, riem muito e… claro, começam a tirar selfies. Um festival de selfies. E me sinto, então, finalmente preparada para dizer para vocês o que está se usando no verão do hemisfério norte: uns biquinis horrorosos com aplicações douradas ou prateadas, chapéu, coque alto, batom vermelho e sandalias rasteirinhas Tommy Hilfiger.
Eu não podia deixar de aproveitar a oportunidade de falar em tendências porque essa é uma chance rara na vida que não se repetirá por motivo de: eu não quero!
A minha tendência para o verão no hemisfério norte (me apeguei a essa expressão) é ir a uns lugares secretos no leste profundo onde encontro velhinhas do comunismo peladas. Não conto onde esses lugares são nem sob tortura. Não porque eles sejam VIP's, contrário. Mas porque se eles caem na moda eles vão ser fechados para eventos VIP's e vão sofrer instagranzação (a gentrificação da vida). Vamos resistir, companheiros do povo!