por Redação
Tpm #78

Entrevistamos o ator João Miguel, do filme Estômago

O ator João Miguel, que apareceu recentemente no filme Estômago (e já participou de produções nacionais de sucesso como Cinema, Aspirinas e Urubus, Mutum e Cidade Baixa), esteve aqui no nosso estúdio para gravar o programa TripFM. Abaixo, uma prévia do que você vai ouvir na rádio Eldorado (92,9), na próxima sexta-feira, dia 1°, às 20h.

João, tem uma coisa dos atores que vêm do Nordeste, que é o perigo de o cara ser encaixado em um tipo, ficar fazendo nordestino ou baiano. Você tem um tipo físico que eu acho que consegue se transformar em várias figuras diferentes. Não tem um tipo que dá pra dizer que é nordestino ou gaúcho, mas não tem uma tendência de a indústria encaixotar o cara e colocar rótulo? Acho que, mais do que nunca, vivemos em um mundo com essa tendência de catalogação. E eu, por ter tido uma base no teatro, tive oportunidade de fazer outros personagens, por exemplo o Bispo do Rosário, que é um espetáculo divisor de águas na minha carreira. Se não fosse por uma questão de paixão, de um olhar, eu não faria aquele personagem, porque era um bispo preto, sergipano, analfabeto. O teatro deu a chance de me apaixonar por esses tipos. Depois eu cheguei ao cinema acreditando que por esse viés eu podia falar pelo personagem. Mas eu acredito sim que aconteça a catalogação, e a gente tem que fugir disso também. Também posso ser um tipo urbano.

Você podia passar 100 anos fazendo teatro que não ia ter a visibilidade que tem na Globo. Porra, você vai lá, faz uma série, ainda mais no Fantástico, que tem não sei quantos pontos no Ibope, e vem com isso um lado bom, uma boa grana, uma consagração, tem seu trabalho reconhecido... Já o lado ruim deve ser muito chato, você anda na rua e as pessoas te confundem com o personagem. Conta um pouquinho dessa história. Você parece um cara bem simples, que não gosta muito de oba oba. Tenho tido a oportunidade de dialogar com a TV de uma forma bem bacana, porque eu acho que é um veículo para o Brasil inteiro de uma maneira muito forte e popular. E tive a oportunidade de fazer trabalhos que acho que não fico com uma cara massificada, o que me possibilita montar personagens diferentes, o que é muito legal. É diferente de fazer uma novela, em que você fica 11 meses direto. E até então eu tenho feito muito cinema, de uns 5, 6 anos pra cá, depois do Aspirinas, tenho aprendido a fazer cinema fazendo mesmo, além de dialogar com a TV de um jeito saudável, que me permite comunicar com um monte de pessoas que o cinema e o teatro não permitiriam. No teatro tenho 120 mil pessoas em quatro anos e meio, o que já é uma maravilha, ainda que no cinema você alcance 1 milhão em um único dia.

João, fale-me sobre sexo. Como é fazer aquelas cenas do Estômago, por exemplo? Por mais que você incorpore o personagem, no final é a sua bunda que está ali exposta, com várias pessoas em volta querendo ver o que tá acontecendo. Deve ser uma situação peculiar... Às vezes é constrangedor, ter que ficar ali fazendo aquele movimento uns 50 minutos, você sai de lá até tremendo. Nada como sexo normal. Eu sempre peço pra ter o mínimo de gente. Tem uma história engraçada. No Estômago, eu pedi pra ficar só o Mário Jorge e o assistente dele, para a equipe ficar do lado de fora, isso era em uma pousadinha em Curitiba. Eu sou muito brincalhão, acho isso importante pra descontrair a equipe, e teve uma hora que eu falei para o assistente que estava do outro lado da sala que estava muito difícil, pra mim, fazer aquela cena, que queria que todos ali tirassem a roupa, assim eu ia ficar mais relax. E ele passou o recado pra toda a equipe mesmo, não sei se sério ou brincando. Deu um minuto de silêncio e o fotógrafo falou que por ele tudo bem. Daí o Marcos Jorge falou que já era demais e eu falei que tava só brincando.

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