Carol Castro fala sobre a comparação com Juliana Paes, o gosto pelo rock e relacionamentos
Ela chega bonita, com uma camiseta de caveira brilhante, jeans e All Star pretos, cara lavada, cabelos bagunçados, perfume suave, voz colocada e gestos largos. Bem diferente da Dona Flor em cartaz no teatro da mais maurícia das faculdades. Talvez por ter resolvido, na vida real, o conflito que divide toda mulher, entre ordem e carnaval, segurança e tesão, Teodoro e Vadinho: está dividindo camarim e teto com outro ator da peça, Marco Bravo, que encarna Dorival Caymmi. Isso já faz seis meses. A peça está em cartaz há quase um ano e meio.
Dona Flor é um passo para Carol se livrar do estereótipo de gostosona. Fazia tempo procurava um personagem conflituoso, quer mas não pode, pode mas não deve. Mas o próximo não deve ter como requisito primordial a beleza. Agora, aos 25 anos , quer fazer uma manca, torta, feia, tipo Charlize Theron em Monster. Porém, a beleza a levou à segurança financeira, ao posar na Playboy. Desde os 18 anos, a revista a convida: se não fosse uma grana boa, não ia fazer. E queria uma coisa artística, que não fosse ela, a Carol. Fez uma vez, promete não fazer mais.
Não que a câmera incomode, paparazzi, por exemplo, não trata mal. No começo do sucesso, assustava, agora acostumou. Incomoda é a comparação com Juliana Paes. Diria que é o tipo, essa coisa de ser morena, carioca, boa. Legal ser comparada com ela, é amiga, bonita, bem-sucedida, mas Carol é Carol e Juliana é Juliana. E, poxa, pra ela também deve ser chato ser comparada à Carol.
No susto
Por falar em gostosura, Carol anda fora de qualquer trato ao corpo. Ela e Marco ficam vendo filme até tarde, varando madrugada pesquisando textos, bebendo vinho, lendo Plínio Marcos, Nietzsche, Jon Fosse. Juntaram as bibliotecas mesmo, se Deus quiser agora vai. Anda boêmia, está louca para conhecer a festa Gambiarra, gosta do bar dos Parlapatões e adora o Clube Noir, onde se pode comprar um livro, ver uma peça, tomar um vinho, São Paulo tem esses espaços de que infelizmente o Rio é carente. Ali viu uma peça excelente com Juliana Galdino, Comunicação à Academia, essa mulher é incrível.
Pouca gente sabe, mas Carol veio do teatro. Fez peças alternativas seguindo o pai, o ator e diretor Luca Castro, que tinha um projeto que começava à meia-noite. Era o Terror da Praia, uma proposta trash: levantavam o espetáculo em uma semana. Carol subiu ao palco pela primeira vez aos 9, em Frankenstein. A grande frustração foi aos 16, se preparar para entrar em cena com O Grande Encontro, na Fundição Progresso, deu um duro danado por meses... quando uns caras de coletinho preto chegaram dizendo que a peça não tinha alvará para menores. Assistiu chorando de raiva.
Carol estudou dança mas não se formou, calhou de fazer a novela Mulheres Apaixonadas e seu papel estourou, aí veio Senhora do Destino, depois um filme argentino, Perigosa Obsessão, inédito nas salas brasileiras... Quem sabe um dia estuda cinema. A vida sempre foi no susto, mudou de colégio 13 vezes. Os pais se separaram quando tinha 4 anos, ela foi morar em Natal com a mãe, terapeuta corporal, astróloga e taróloga, só aos 9 passou um ano com o pai, no Rio.
À moda antiga
Adolescente, vivia em Bauru (SP), mas de vez em quando ia ao Rio trabalhar na Babilônia Feira Hype, do Mercado Mundo Mix, com a mãe. Nunca passou fome, mas os pais não tinham renda fixa, às vezes tinha que se virar. Um dia vendeu pipoca e limonada na praia, contou isso numa revista e saiu que tinha sido vendedora ambulante na infância, olha que absurdo! Em Bauru morava numa república com quatro mulheres, já aos 10 anos era roqueira, amava o grunge e sobretudo o Nirvana. A primeira tattoo, uma águia no tornozelo, fez com a mãe, aos 10. A da barriga tinha 14. Pagou com o próprio dinheiro, se quiser esconder é so usar biquíni alto. As pessoas acham que Carol é só aquela garota carioca que cai no samba na Salgueiro, mas ela usa All Star, escuta rock, não está sempre impecável, no salto, desfilando.
Agora aprende violão, o Marco ajuda, já tira um Damien Rice, uma Adriana Calcanhoto. São parceiros em tudo. Carol acha que as mulheres eram mais maduras nos anos 40, se casavam e tinham responsabilidade cedo. Hoje é aquele oba-oba, tudo descompromissado. Ela é à moda antiga, namora uma pessoa só: não deu certo, termina. Se você pesquisar na internet não vai encontrar caso com nenhum globalzinho - quando começaram Dona Flor, saiu uma nota insinuando algo com Marcelo Faria, o Vadinho, o que nunca aconteceu.
Começou a namorar cedo, mas a primeira vez foi no Rio, aos 15, essa glória Bauru não teve... Sim, ainda tem espaço para o romantismo, mas está em extinção. As pessoas estão assexuadas e outras, chamar de bi é pouco, fica até assustada! Mas cada um com seu cada qual. Ela já é mais focada, mulherzinha, apaixonada, gosta de café da manhã junto. Difícil manter relacionamento hoje, muita oferta e muita gente que não quer nada com nada. Ela prefere casar cedo e seguir essa história do que ficar numa lengalenga ou oba-oba.
Durante a peça foi interessante: Marco tinha um relacionamento, ela, outro, se admiravam, mas ela não o via como possível amor. Aí a turnê desgastou o relacionamento com o ex, namorar atriz é complicado... Carol e Marco sentiram afinidades... foi fulminante! Estão superjuntos. Seu crescimento no espetáculo tem a ver com toques do namorado, é a primeira vez que namora alguém do meio.
O melhor presente de Dia dos Namorados tem que ser o mais simples. Marco já lhe fez uma música, isso vale mais que diamantes. Agora Carol pede licença para fazer aquecimento, a peça começa daqui a uma hora e meia. A última pergunta, um sonho? Se der tempo, Carol quer aprender a tocar violoncelo.
Estilo Thais Mol Produção de Moda Carla Boregas Maquiagem Theo Carias Assistente de foto Paulo Ferreira Agradecimento CB Bar
