por Letícia Flores

Atriz Karine Teles dá vida a personagem inspirado nela mesma no longa metragem nacional


O filme Riscado ainda não chegou aos cinemas, mas o tema central é uma dúvida de todas nós. Logo de cara, a atriz Karine Teles, 32, não faz rodeios e nos lança a pergunta: "sorte é realmente tão importante na vida nas pessoas? Ter talento e trabalhar são suficientes ou a sorte também é fundamental?", pergunta.

O questionamento da carioca tem tudo a ver com aquilo que ela escolheu para a sua vida. Aos 14 anos, Karine decidiu estudar teatro e nunca mais abandonou os palcos. Teve sim outras profissões, mas todas para complementar a renda e poder pagar as contas. E foi daí que surgiu a grande dúvida que acabou inspirando o filme Riscado, que tem o roteiro feito em parceria com o seu marido, Gustavo Pizzi, também diretor do longa. "Pra mim, ser atriz é uma profissão extremamente angustiante. Um dia você tá trabalhando, tem o seu salário e no dia seguinte não é mais assim", explica.

Na pele de Bianca Ventura, Karine vive uma atriz que vive de bicos enquanto a grande chance não vem e passa pelos maiores perrengues. Ela se veste de Carmen Miranda na inauguração de um salão de beleza, é contratada para cantar "Happy Birthday" vestida de Marilyn Monroe na festa de um senhor e até leva um pijama para a repartição de uma empresa que celebra a aposentadoria de um antigo funcionário. A sorte grande parece ter chegado quando, ao fazer um teste para uma produção internacional, o diretor francês se encanta pela sua história de vida e poder de atuação. Para saber o desfecho desta oportunidade na vida de Bianca, só mesmo indo aos cinemas. Ainda sem data para chegar às telonas, Riscado será exibido nesta sexta-feira no Festival de Gramado, uma das mais importantes premiações cinematográficas nacionais. 

Quando o filme foi exibido no Festival do Rio, Karine levou pra casa o troféu de Melhor Atriz. "A Bianca foi minha primeira protagonista, mas eu não senti o peso porque foi um projeto muito pessoal. Praticamente conheço a Bianca desde o dia zero! Pra você ter uma ideia, eu só fui ter noção de que eu era protagonista de um longa-metragem no Festival do Rio. O filme foi exibido, começou um buchicho, as pessoas chegavam em mim e diziam 'Vai ganhar, hein?', e eu pensava 'Vou ganhar o quê?' de tão à vontade que eu me sentia com a personagem", conta Karine. "Hoje em dia, que a adrenalina das gravações já passou, eu me sinto mais nervosa, acredita? Fico ansiosa pelas críticas, pelo o que as pessoas vão achar, como vai ser a repercussão”, completa.

Como é mesmo que se diz obrigada em inglês?
Além das exibições nos festivais e prêmios, Riscado também já caiu no gosto da crítica. A atuação de Karine foi elogiada pela revista Variety e também pelo jornal Screen Daily, ambos americanos. O mais engraçado é que uma das profissões paralelas de Karine foi de professora de inglês e intérprete, mas quando ela recebeu uma crítica no idioma falando dela mesma o nervosismo bateu e até a compreensão ficou complicada. "Tive que consultar o dicionário umas três vezes porque eu esqueci o que várias palavras significavam", conta rindo.

Ela ou eu?
Apesar das angústias enfrentadas tanto por Bianca quanto por Karine, a atriz confessa que não seria feliz fazendo qualquer outra coisa. "Eu sou atriz porque é realmente a única que eu sei fazer direito. É o que eu faço melhor, o que me interessa, o que eu estudei. Se tivesse alguma outra profissão que me satisfizesse mais, eu com certeza já teria abandonado. Só que não dá. Ser atriz é a forma que eu encontrei para existir no mundo", comenta.

Elas e eu
Apesar dos quase 20 anos atuando, a própria Karine assume não ser uma atriz conhecida. "Essa carreira de teatro, que foi que eu mais trilhei até agora, é uma carreira um pouco marginal. Eu já fiz mais de 30 espetáculos, mas não tenho notoriedade, sabe? Eu não sou conhecida. Tenho a sorte das pessoas que viram meu trabalho terem gostado", disse.

E nessa troca intensa de figurinha sobre atrizes, é claro que Karine tem as suas preferidas. "No Brasil eu amo a Renata Sorrah, acho a Andréa Beltrão uma gênia e também adoro Carla Ribas, Mariana Lima e Gisele Fróes", lista. Longe de qualquer estrelismo que profissão pode proporcionar, a carioca é despretensiosa, humilde e pé no chão ao comentar sobre si mesma. No fundo, a gente sabe que assim que suas ídolas assistirem a Riscado vão é cair nos encantos de Karine. (Ou seria nos de Bianca?)

Atualização: O Festival de Gramado premiou na noite deste sábado, 13, o filme Riscado nas seguintes categorias:

- Melhor Longa Nacional pelo Júri da Crítica
- Melhor Trilha Musical
- Melhor Roteiro: Gustavo Pizzi e Karine Teles
- Melhor Diretor: Gustavo Pizzi
- Melhor Atriz: Karine Teles

Assista ao trailer de Riscado e logo abaixo uma galeria de fotos:

Vai lá: www.riscadofilme.com.br

fechar