Retrato da minha vida

por Marjorie da Fonseca
Tpm #101

Marjorie Fonseca é moradora do Capão Redondo e foi comprovar se Bróder acerta na gíria

A blogueira e estagiária da Tpm Marjorie Fonseca é moradora do Capão Redondo e foi comprovar se Bróder, filme de Jeferson De sobre a região paulistana, acerta na gíria.

No cenário, o Capão. Na história, personagens que retratam a vida de moradores da perifa da zona sul de São Paulo. O longa Bróder, previsto para estrear em novembro, não é só mais um filme mostrando a pobreza ou o crime das regiões periféricas, mas a fidelidade entre três amigos-irmãos.

Dirigidos pelo paulistano Jeferson De, os atores Jonathan Haagensen, Silvio Guindane e Caio Blat interpretam os personagens principais na trama. Jaiminho, Pibe e Macu, respectivamente, nasceram no Capão Redondo, mas seguiram caminhos diferentes.

O primeiro conseguiu o que muitos sonham, ser jogador de futebol; o segundo tentou levar a vida de forma honesta trabalhando informalmente, ele ganha pouco e passa necessidades; o último seguiu o caminho mais fácil, o do crime. Com a ajuda de Ferréz (escritor e morador do Capão Redondo) no roteiro, tudo ficou bem real.

Não moro exatamente na favela, mas na região do Capão Redondo. Acompanho tudo que envolve o bairro: assaltos, momentos de amizade, histórias boas e ruins. Desde que conheci meu namorado, Marcos Lopes, fiquei cada vez mais perto desse universo. Marcos é referência para os jovens do Capão. Ele era morador da favela do Parque Santo Antônio e hoje é escritor e educador social de lá.

Escreveu o livro Zona de Guerra (Matrix), contando a vida de cinco amigos do bairro. Ele sempre fez questão de me mostrar a região. Entrei em becos, conheci famílias que moram em situação deprimente, o famoso córrego lotado de sofás, cadeiras e meias.

A cada cena ia me enturmando com tudo o que se passava, reconheci a estrada de Itapecerica, o campo do Capão Redondo e a rua da festa junina da central. O metrô do Capão, raramente mostrado pela mídia, apareceu no filme. Meu querido amigo, o metrô, que me leva à Trip quase todos os dias, ficou famoso agora! Se a câmera andasse mais alguns longos metros, minha casinha apareceria.

Estou tão acostumada com filmes sobre periferia com gírias erradas ou até mesmo forçadas. Como moradora do Capão Redondo, garanto que Bróder está bem fiel ao que realmente acontece na região. Conversando mais com o produtor do filme, Paulo Bocatto, percebi que os caras por detrás do filme sabem, e muito!

Vai lá: Minha Vida na Perifa

*Marjorie da Fonseca é estagiária da Tpm e estudante de jornalismo. Mora no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, e atravessa a ponte João Dias todos os dias para chegar pontualmente à redação

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