Até que ponto chega o topa tudo por dinheiro das celebridades da internet? Agora até teste de gravidez é patrocinado. O que vem depois?
“As festas são pagas, a academia, as férias, tudo é pago”, diz uma amiga. Conversávamos sobre os famosos que fazem muito sucesso no Instagram e o rumo que a indústria dos posts patrocinados tomou. Concluímos que agora não é uma peça, um filme ou um disco que tem patrocínio, mas uma vida. Você limpa a casa com produtos de um cliente e posta no Instagram com a palavra “publi.” E isso vale para muitas, muitas partes da sua vida.
Fiquei com isso na cabeça. Acordei e a mana Cris Naumovis tinha postado (não era patrocinado) uma foto do Michel Teló no Facebook. Na imagem, publicada no Instagram e em seguida em vários sites de celebridades, ele comemora a gravidez de sua mulher. Como? Bem, ele mostra os termômetros do exame (aqueles que você coloca no xixi) com o resultado de positivo. Até aí, normal. Quer dizer, eu não acho normal coisa nenhuma alguém exibir teste de gravidez em rede social. Isso é íntimo - ou devia ser. Mas, bem, postar teste de gravidez hoje é uma coisa banal, o mesmo que ligar para os amigos e contar. A loucura do caso do Michel Teló é que ele postou a foto do exame e na hashtag, o nome da marca do teste e a palavra: “publi.”
Isso significa que ele ganhou dinheiro para que a esposa usasse a tal marca de teste (e não, não vamos falar o nome aqui para não fazer “publi”). A criança nem nasceu, mas já tem patrocínio!
E não, não foi Michel Teló quem inventou essa história. Fazer publi de exame de gravidez parece ser uma tendência entre os famosos.
No mundo do topa tudo por dinheiro, o dinheiro parece nem ser necessário, já que que é tudo de graça. Vive-se de mimos, os presentes que a marca te dão em troca de verem seus produtos expostos no Instagram. Na minha época , mimo era chamado de jabá. E aceitar jabá era errado. Principalmente para um jornalisra, claro. Mas também para qualquer formador de opinião. Ser chamado de jabazeiro era xingamento.
Mas, bem, o filho ou filha do Michel Teló, provavelmente vai ter enxoval dado por uma marca, presentes da maternidade de outra, e assim vai, até as festas de aniversário. Espero que as escolas não entrem nessa. Senão corremos o risco de ver “primeiro dia de aula, #publi.”
Somos todos Kim Kadashian
“O que a Kim Kadashian faz?”, me pergunta um amigo que vive em Marte. Tente responder essa pergunta. Não, não é fácil. Explico que não, ela não tem uma banda. Não, ela não é exatamente modelo. “Ela é estrela de um reality show, e a vida dela também é um reality”, eu tento. “Ela é uma personagem de si mesma”, continuo. E explico que isso deu tão certo que a Kim agora é uma empresária de sucesso que vende emoticons e videogame sobre ela mesma. Mas, basicamente, do que vive a Kim. Ela tira selfies e faz seu próprio reality.
Como muito de nós, aliás. Só que como não somos famosos, não ganhamos nada por isso.
No caso dos famosos e seus publis, bem… Talvez eu tivesse que ser um gênio da comunicação para entender o tamanho desse buraco.
Mas eles não têm vergonha alguma de assumir que vivem de jabá, pelo contrário, ganhar muito mimo virou sinal de prestígio. E os seguidores? Eles pensam que estão fazendo progapaganda escancarada em suas redes sociais até de teste de gravidez e que o poder deles de influenciar milhões é enorme? Acho, sinceramente, que nem passa pela cabeça.
Eu posso ser antiquada. Mas ainda sou do tempo que mimo era jabá. E que ganhar jabá era errado. E que para ganhar dinheiro a gente trabalhava. E não, esse texto não é um #publi.