Podcasts eróticos para ouvir na quarentena

por Carol Ito

Feitos por mulheres, Sexo e Tintas, Pantynova e Textos Putos ajudam a segurar essa barra que é o distanciamento social

Além dos tradicionais nudes e vídeos pornô, os podcasts eróticos podem ser uma companhia prazerosa em tempos de distanciamento físico. Em um mundo bombardeado por imagens, a experiência de botar os fones de ouvido, relaxar e deixar a imaginação dar conta do resto é, no mínimo, curiosa. 

“O áudio aproxima, acessa outros sentidos. Se você sabe falar a palavra certa, o tesão vai nas alturas”, defende Abhiyana, que narra suas experiências sexuais no podcast Textos Putos. “Poucas coisas são tão íntimas quanto falar ao pé do ouvido”, concorda Kell Bonassoli, que, junto com a amiga Erika Pessanha, decidiu explorar o segmento com o podcast Sexo e Tintas, que traz a leitura de contos eróticos. Erika aposta no áudio, mesmo que a pornografia em vídeo seja de fácil acesso: “É uma forma de introspecção, o retorno e a valorização da imaginação”, diz.

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Na gringa, o formato vem ganhando espaço em plataformas como a Dipsea, que recebeu um investimento de mais de 5 milhões de dólares em 2019, segundo a Forbes Women. Criada nos Estados Unidos por Gina Gutierrez e Faye Keegan, funciona como um streaming de áudios eróticos focados no público feminino e LGBTQ.

Por aqui, o movimento é mais tímido, mas algumas mulheres já sacaram que o podcast pode ser uma ferramenta para exaltar o desejo feminino, ainda rodeado por tabus. “A melhor forma de derrubá-los é falando sobre eles, sempre de forma aberta, descontraída e direta”, defende Izabela Starling, que, junto com Heloisa Fonseca, comanda o podcast Pantynova.

A seguir, mais sobre esse três podcasts eróticos nacionais que podem te fazer companhia nesta quarentena.

Pantynova

Relatos de uma transa incrível, reflexões sobre gênero e sexualidade, fantasias com fadas, versões safadas de personagens do folclore brasileiro, cabe de tudo (mesmo!) nos contos eróticos desse podcast criado em 2018 por Izabela Starling e Heloisa Fonseca. Elas, que também são donas de uma sex shop on-line, pensaram no formato como um canal para conversar com suas clientes.

Toda quinta-feira tem conto novo escrito pelas autoras ou por convidadas, intercalados com a seção #Hersecret, em que elas comentam depoimentos anônimos de mulheres sobre sexo ou relacionamento.

Para elas, o podcast é uma forma de abordar a sexualidade feminina fora dos padrões ligados ao pornô tradicional: “Propositalmente, nós não descrevemos aspectos físicos das personagens envolvidas na história. Fica a critério do e da ouvinte imaginar. Isso nos ajuda a desconstruir os padrões de beleza que a indústria pornográfica ainda segue”, diz Heloisa.

Sexo e Tintas

Histórias reais e surreais, cheias de detalhes sobre toques, fluidos e sensações corporais são a marca do podcast. “O nome é uma brincadeira para expressar nosso desejo de unir o gostoso do sexo com pinceladas de arte”, diz Kell Bonassoli, que começou a narrar seus contos com Erika Pessanha, em 2013.

Depois de um hiato de seis anos, elas retomaram o projeto em 2019 com uma segunda temporada de episódios libidinosos, que são publicados a cada quinzena, com textos escritos pela dupla e colaboradores. “Naquela época, fomos pioneiras no nicho e agora voltamos para ficar”, diz Erika.

Textos Putos

“Enquanto farmácias e pets invadem a cidade, mergulho nos mistérios sagrados da minha buceta.” Esta é a narração de Abhiyana, na vinheta de abertura do podcast. A escritora revela os próprios desejos e experiências em contos despudorados.

O podcast semanal foi criado no início deste ano e tem o prazer feminino no centro de suas criações: “Procuro colocar a mulher em primeiro lugar, no controle e no descontrole saudável de sua sexualidade. ”

Ainda que para muita gente a libido não esteja lá aquelas coisas (e tudo bem), os tempos de quarentena podem ser de reconciliação com a própria sexualidade e desejos. “É urgente falar sobre sexo de uma forma mais feliz. Acredito que agora, em que tá todo mundo trancafiado em casa, é o momento para melhorar, evoluir, aprender”, diz Abhiyana.

Créditos

Imagem principal: Pantynova/Divulgação

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