Karina Buhr lança mais uma edição de seu manifesto feminista e pede a legalização do aborto
Há quatro anos, Karina Buhr deu vida ao seu primeiro manifesto feminista, o Sexo Ágil. Na quinta edição do zine, recém-lançada na internet, o tema abordado pela cantora é aborto. Para ela, a falta de informação é o principal motivo pelas mortes e preconceito que diversas mulheres sofrem quando escolhem interromper uma gestação não planejada. "Existe uma onda conservadora muito forte no Brasil, e nada melhor pra manter uma população sob rédeas do que mulheres escravas de dogmas", diz.
O design é feito por Camila Fudissaku, que também colabora com ilustrações e está presente desde a primeira edição. "Virou uma história de nós duas", conta Karina. Além da ilustradora, outras mulheres participam desta edição. Francine, "amiga caminhoneira maravilhosa", a blogueira Jéssica Ipólito (Gorda e sapatão), a cantora Isaar e a ativista-atriz Irma Brown são algumas delas.
"Por mais que queiram me diminuir por ser mulher-negra-gorda-sapatão, jamais vão me cortar pela raíz, porque essa raíz é fortificada, continental, afro-latina", é uma parte da fala de Jéssica no zine. Para Karina, ela é uma grande voz atual contra o racismo. "É um figura que admiro e que gosto muito. Os posicionamentos e a potência que ela tem quando se comunica batem muito forte no racismo."
Cada mulher contribui a sua maneira nessa reunião de ideias que grita questões simples, mas silenciadas diariamente pelo machismo. "Tudo o que só afeta mulheres é colocada em segundo plano, as leis são feitas e executadas por uma maioria esmagadora de homens. E, pra nossa falta de sorte, a minoria das mulheres que participa desses processos não atua necessariamente a favor de nós", acredita Karina.
Com esta edição do zine, a cantora destaca que, independente de epidemias de saúde pública que tomam conta do noticiário, como o Zika vírus – que supostamente causa microcefalia nos fetos –, silencia-se o número de mulheres que são privadas de informações legais sobre o aborto. "Somos mal informadas sobre nosso próprio corpo e os direitos sobre ele. Nessa guerra pra manter a população desinformada, se reforça a cultura de abortar escondido. Falta educar e cuidar. A mulher que quer abortar, aborta. Mesmo que acabe pagando com a vida."
Para ler a edição inteira de Sexo Ágil, vai lá: bit.ly/sexo-agil