por Luciana Obniski
Tpm #122

A escritora ganhadora do Pulitzer está na Flip para lançar seu novo romance, ”O Torreão”

Ganhadora do prêmio Pulitzer no ano passado por A visita cruel do tempo – romance que retrata diversos personagens que se cruzam e se perdem em períodos distintos da vida, unidos sempre pela música e, claro, pelo tempo – a escritora e jornalista americana Jennifer Egan, 49 anos, vem pela primeira vez ao Brasil como um dos principais nomes da Flip, Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece no começo de julho.

Além de participar do evento, ela aproveita para divulgar O torreão, best-seller que acaba de ganhar tradução para o português e conta a história de um viciado em tecnologia que passa um tempo em um castelo europeu, onde não consegue diferenciar o real do imaginário.

Para a Tpm, ela fala sobre seu processo criativo, seu próximo livro e como equilibra a equação entre carreira e filhos.

Você é escritora e jornalista. Como se divide entre os dois?
Jennifer. Normalmente, uso a pesquisa das minhas matérias como fonte de inspiração para meus romances. Mas faz quase um ano que estou afastada do jornalismo e não quero desistir de vez, porque acho que tem um impacto gigante na minha relação com o mundo. É perigoso viver numa bolha, sendo autora de ficção, em casa, sem buscar coisas novas. Estar em contato com o mundo me força a sair da minha zona de conforto.

Você não costuma descansar entre um livro e outro. Já está escrevendo o próximo?
Ainda estou na fase de pesquisa para o meu novo livro. Só posso adiantar que vai se passar em Nova York, nos anos 40 e 50. Tentei escrevê-lo indo e voltando no tempo, como fiz em A visita cruel do tempo, mas não funcionou. Cada livro tem seu processo. O sucesso de A visita..., por exemplo, me rendeu milhares de leitores internacionais.

Mas isso aconteceu também por causa do prêmio Pulitzer. O que mais mudou desde que você ganhou o prêmio?
Eu queria ser lida pelo mundo, e ele me fez ficar mais visível. Já tinha ganhado um prêmio importante e não achei que teria essa sorte de novo. Mas a grande conquista da minha vida é a minha família, e não os prêmios.

Esse dilema de ter tempo para carreira e filhos é o tema desta edição. Isso também pesa na sua vida?
Não conheço nenhuma mulher que não pense nessa questão. Mesmo antes de ter meus dois filhos, hoje com 11 e 9 anos, eu já sentia tensão em relação ao meu trabalho. Isso era algo que eu tinha em comum com meu marido, éramos dois workaholics, e não sabia como seria quando eu tivesse filhos. Logo que nasceu meu mais velho, eu me sentia dividida. Quando escrevia, queria estar com ele e vice-versa. E era agonizante. Agora entendi que, de alguma forma, as coisas acabam sendo feitas.

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