por Nina Lemos
Tpm #108

A editora desta seção resolveu testar aquela faixa de cabelo que faz sucesso nas ruas (e no BBB)

 

Algumas coisas não se explicam. Por que o infinito é azul? Por que as pessoas morrem? E por que as mulheres resolveram, neste verão, com este calor todo, passar a usar faixas na cabeça com flores se não estamos mais nos anos 70? Atenção, essa é uma tendência das ruas. E que, sendo sincera, só fui reparar mesmo quando comecei a ver o Big Brother e concluí que quase todas as meninas, pelo menos em um dos episódios, apareciam com um acessório bizarro na cabeça, uma faixa por cima da testa que parecia fantasia de Carnaval.

Como já falei aqui várias vezes, eu invento roubadas para mim mesma. Por isso, não vou mentir. Ninguém me obrigou a sair com essa faixa horrível na cabeça. Eu fiz isso porque quis.

Eu tinha uma variedade imensa para escolher. Há faixa com flor dourada, faixa de amarrar, faixa com botão, mais larga, mais grossa. Experimentei duas. Primeira impressão: esquenta! Fazia uns 30 °C em São Paulo, e, quando coloquei o artefato na cabeça, a temperatura subiu imediatamente uns 5 °C.

Saí pela rua querendo arrancar aquela coisa e fazer um rabo de cavalo, e logo dei de cara com uma amiga, a Verô, fotógrafa e bem vestida até para ir ao sapateiro. “Tá notando algo de diferente em mim?” “O que foi, você está de peruca?” Ela foi no ponto. Realmente, parecia que eu usava peruca. Verô, moça fina, imediatamente reprovou o acessório.

“Não combina com você”
Depois de encontrar a amiga, encarei o maior desafio. Entrar na redação da Trip com aquela faixa sem ser vaiada ou algo parecido. E ainda passar pelo crivo dos meninos, claro. Só que eu esqueci de um detalhe. Eles são homens. E homem não repara em cabelo de mulher (mesmo que você esteja com uma flor ridícula no meio da sua testa). “Eu não ia falar nada, achei que era uma onda sua”, disse Bruno Torturra, diretor de Redação da Trip. “Mas não combina com você, Nina, você é chique.” Pronto. Ganhei o dia. Mas sempre vale consultar um designer, que talvez seja o único tipo de homem que repara em cabelo de mulher. “Se você me visse assim, sem eu avisar, você ia achar estranho?” “Mas eu achei estranho”, disse
Elohim Barros, diretor de arte, seco.

Eu já achava que a faixa era na verdade uma tragédia e estava pronta para fazer um apelo para que todas as mulheres do mundo não usassem tal coisa.

Até que sentei para tomar uma Coca-Cola e um senhor passou. “Tá linda, hein!” Seu João, entregador de galão de água, olhava para mim encantado. “Está uma princesa com essa faixa! Não tira, você está muito bonita.”

Obrigada, seu João. Mas mesmo assim retirei o acessório rápido. E a temperatura desceu 5 °C. Não, eu não recomendo usar faixa de couro no cabelo apertando a testa! Desculpe, seu João!

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