Violência sexual nas universidades - até quando?

por Lygia da Veiga Pereira

Criada por professoras e pesquisadoras, rede “Quem cala consente?” apoiar vítimas de violência sexual e de gênero nos campi da USP

As universidades brasileiras têm pelo menos um ponto em comum com as americanas. Sabe qual? A violência sexual. A diferença é que lá o assunto é tratado abertamente. Na aula inaugural para novos alunos, os reitores falam de assédio sexual, o que o caracteriza e como deve ser administrado. Mesmo assim, muitos incidentes infelizes seguem acontecendo.

Agora, imaginem aqui no Brasil, mal se fala no assunto. A boa notícia é que isso está mudando, pelo menos na USP. Mais de 100 professoras e pesquisadoras da Universidade criaram a rede “Quem cala consente?”, da qual participo, para apoiar vítimas de violência sexual e de gênero nos campi. A interrogação nome tem importância fundamental: em geral, quem cala não consente, mas sofre, se envergonha, se culpa, e precisa ser acolhido.

No momento, a rede lançou abaixo-assinado com as seguintes solicitações à Reitoria da USP: 

- a continuidade e a efetividade de processos já iniciados, como os casos de violência sexual ocorridos na Faculdade de Medicina e na Medicina Veterinária;

- a priorização do enfrentamento dos problemas no CRUSP, de modo que o Conjunto Residencial se torne exemplar de novas abordagens e procedimentos efetivos contra a violência sexual e de gênero no cotidiano universitário;

- a criação de mecanismos e espaços de denúncia, apuração e responsabilização, marcados por cuidado e sigilo;

- a efetivação de ações mais educativas e menos repressoras, dando centralidade às questões de gênero associadas aos contextos de violência.

Na petição, o grupo cita a CPI da violência nas universidades, que registra a violência nas instituições estaduais paulistas, inclusive na USP.

Leia o abaixo-assinado e, se concordar, assine. Enfrentar a violência sexual e de gênero nas universidades é um passo importante para o Brasil se tornar um país de primeiro mundo.

Vai lá: Quem cala consente?

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