Uma das poucas mulheres na programação do festival Risadaria, Bruna Louise fala de machismo na comédia, YouTube e Dercy Gonçalves
Foi uma noite de muito frio e mau humor que jogou Bruna Louise, aka a Desbocada, para cima de um palco de stand-up. Ela se preparava para fazer seu monólogo num bar de Curitiba quando o frio e a Tpm a fizeram desistir do figurino. “Na irritação, não quis trocar de roupa e entrei como eu mesma, sem personagem.” A apresentação foi um sucesso e, há dois anos, a leva a teatros de todo o país. Este mês ela é uma das 13 mulheres – entre 117 homens – do festival Risadaria, em São Paulo.
Tpm. Foi difícil começar no stand-up?
Bruna Louise. Muito. Os colegas não me respeitavam. Escolhi entrar no palco feminina, de saia e salto. Diziam que eram as coxas que traziam público. Ou que transei pra conseguir espaço no meu primeiro show em São Paulo. Com o Jô Soares, idem. Só que coxa não segura piada ruim, né? Nem se fosse a da Juliana Paes.
Quais seus temas preferidos?
Falo muito de relacionamento, de sexo. Homem adora fazer piada dizendo que mulher é chata e não gosta de transar. Eu vou lá e digo que gosta, sim. Não milito, mas faço piada para destruir esses estereótipos.
Como se sente sendo uma mulher entre tantos homens?
Cara, eu queria que isso mudasse. O que mais vejo são mulheres que começam e, por algum motivo, desistem. Mas acho que a internet está ajudando a driblar os desafios de conseguir espaço e enfrentar a plateia. O YouTube pra mim foi meio que a última coisa [Bruna tem 861 mil inscritos em seu canal], mas para muitas está sendo o pontapé inicial.
O que você tem com o Fábio Porchat?
[Risos.] Sou muito fã dele, o cara é maravilhoso. Antes que digam que é porque é homem branco e hétero, não é. Ele é genial e consegue ser engraçado em todas as mídias. Agora, minha inspiração de carreira é a Dercy Gonçalves. Se eu, hoje, passo o que passo, fico pensando em como ela conseguiu.
Vai lá: youtube.com/brunalouisehumor e festival Risadaria, de 1 a 31 de julho em SP e ABC. risadaria.com.br
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