A arquiteta Marina Cury, 30, mora em um dos predinhos mais charmosos de São Paulo
Fazia tempo que ela namorava o predinho. Construído no Jardim Paulistano em 1950 por um pai de família, o conjunto de dois prédios, com sete apartamentos cada – dois por andar e cobertura –, já havia servido de moradia para todos os seus filhos e, aos poucos, começou a ser alugado. Os moradores se apaixonam quando vêem o predinho baixo, num bairro bem localizado, sem elevador nem porteiro, ali, discreto entre casas e árvores.
Marina Cury foi seduzida aos 27 anos, quando uma amiga ligou e avisou que estava se mudando de um dos apês. Foi a deixa para que essa arquiteta saísse da casa dos pais para se aventurar a viver sozinha. Nos dois anos seguintes, viu o perfil de seus vizinhos mudar. Saíam pessoas mais velhas e chegava gente mais jovem. Há um ano, ela se mudou para outro apê, no mesmo predinho, dessa vez maior. Tocou a reforma com o apoio de seu escritório e se mudou para o andar de baixo, dessa vez já casada e com o marido.
Reforma própria
Com 85 metros quadrados, o novo apartamento tinha ainda a planta e os revestimentos originais. O piso de taquinhos foi mantido; algumas paredes vieram abaixo; o segundo quarto virou sala de TV; a cozinha foi aberta para ampliar a sala e teve uma parede descascada deixando aparecer os tijolinhos; e o banheiro foi inteiramente reformado. Móveis e objetos de design, uma paixão de Marina, são encontrados em todos os cantos da casa,misturados a outros que ela mesma criou, como a mesa
de jantar revestida de azulejos antigos e a mesinha lateral da sala de TV, feita com tijolos de concreto. Agora, a varanda é a próxima da lista. Marina quer aproveitar melhor o lugar de onde ouve os passarinhos e vê as árvores do bairro. Privilégio de poucos na grande cidade.
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