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por Luiz Filipe Tavares

Compositor e videomaker fala de disco gravado na Jamaica e reality show com Bob Burnquist

Carlinhos Zodi é um cara de muitas facetas. Skatista e surfista amador, compositor, multi-instrumentista e videomaker profissional, ele divide seu tempo entre a produção de discos extremamente autorais e a direção do programa de esportes radicais Pela Rua, exibido pelo canal por assinatura OFF. Até o final do ano ele lança seu terceiro disco de estúdio, Kingston Bossa, que sai de forma independente com 12 músicas e com a participação de duas lendas da música jamaicana.

Em paralelo, Zodi prepara o material que gravou entre agosto e setembro deste ano na Califórnia: um reality show mostrando a vida de Bob Burnquist, maior nome do skate tupiniquim em todos os tempos. O programa ainda não tem nome, mas deve estrear por aqui em janeiro do ano que vem no mesmo canal OFF.

Antes de passar quase um mês ao lado de Bob em sua casa, o blogueiro da Trip teve ainda o privilégio de gravar os vocais e finalizar a mixagem de seu novo disco na casa de um outro Robert. Zodi encerrou os trabalhos de gravação no lendário estúdio Tuff Gong, onde Bob Marley gravou várias faixas que ficaram eternizadas em sua discografia.

Falamos com o músico-cineasta-workaholic sobre os novos projetos e a passagem por esse templo da música jamaicana, onde Zodi gravou com integrantes do Toots & The Maytals e do Heptones.

Qual a principal diferença entre Kingston Bossa e os seus lançamentos anteriores?
Ele é uma mistura dos meus dois primeiros discos mais um amadurecimento natural. No Projeto Música Bonita, que é meu primeiro disco, eu gravei todos os instrumentos. No segundo, que é o Mundo Mais Bonito, recrutei uma galera e gravei com banda. Nesse terceiro voltei atrás e fiz questão de gravar sozinho novamente. Fora que agora também estou cantando em várias faixas e o disco só tem três músicas instrumentais. Além disso, ele não traz muitas misturas musicais. Ele é um disco com um estilo e um tempero diferente. O que é mais especial sobre esse disco é mesmo a minha passagem pela Jamaica, onde pude trabalhar no Tuff Gong com o Toots Hibbert (do Toots & The Maytals) e o Leroy Sibbles (vocalista do Heptones).

E não é pouco não, afinal, são duas entidades da música jamaicana...
Exatamente. E a participação deles tem tudo a ver com a proposta do disco. Acho que não daria pra fazer um disco chamado Kingston Bossa, que remete à música mais antiga tanto daqui quanto da Jamaica, e eu chegar lá e chamar um maluco novo qualquer do raggamuffin. Não faria sentido nenhum.

Como rolou a escolha desses nomes?
Eu já saí do Brasil pensando que esses dois tinham tudo a ver com o disco. Mas a gente nunca sabe como é a agenda desses caras e o que pode acontecer no caminho. Mas com sorte a gente conseguiu gravar com eles. E o melhor é que eles se amarraram. E não teve contrato milionário. A gente chegou e mostrou o som, os caras curtiram e toparam participar. Pra mim isso foi uma grande realização.

 

"A Jamaica tem esse lado decadente ao mesmo tempo que é um país muito charmoso e energético"

 

Como foi finalizar o disco no Tuff Gong? Qual a vibração de trabalhar nesse estúdio?
Bom, eu sou suspeito pra falar [risos]. Chegar lá no lugar onde aconteceu a história do cara que para mim é o maior ícone da música foi cabuloso. Entrar lá e sentir aquela energia, pensar em tudo que aconteceu ali, tudo que o Bob Marley gravou e o que os filhos dele gravaram, é muito especial. É um estúdio que tem a cara da Jamaica. O país tem esse lado decadente ao mesmo tempo que é um país muito charmoso e energético. Isso tudo é muito forte lá no estúdio também. Você vê fotos do Bob com o Stevie Wonder, os Grammys que ele ganhou, a sala com a acústica preservada desde aquele tempo... É praticamente um templo onde você sente que está acontecendo alguma coisa grande.

Quanto tempo levou esse processo?
O disco traz algumas composições mais antigas e outras mais recentes. O processo começou logo depois do lançamento de Mundo mais Bonito, em 2009. Mas o disco começou a existir mesmo no finalzinho do ano passado, quando comecei a gravar umas demos em casa só para desencalhar e voltar a compor. Aí aproveitei minhas férias em fevereiro e passei o mês inteiro gravando aqui. No começo de março eu fui pra Jamaica e lá pude finalizar o trabalho.

Mudando de assunto, como foi que surgiu a ideia por trás do programa com o Bob Burnquist?
O programa ainda não tem nome, mas ele deve estrear em janeiro de 2013 no OFF. Será uma série de sete episódios em formato reality show, mostrando o dia a dia do Bob e cobrindo um lado comportamental, tudo isso sem esquecer da ação. Então tem muita manobra e muita pista por ali [risos]. O diferencial desse programa é a confiança que o Bob tem em mim. Nós somos amigos e eu viajei pra gravar sem equipe, só com ele e com o Bruno Passos, que é videomaker e cunhado dele. A ideia foi deixá-lo o mais confortavel possível para mostrar para as pessoas quem realmente é o Bob Burnquist. Então é um programa que tem a cara dele de fato.

Como é andar com o Bob na Califórnia? É que nem andar com ele aqui, com todo mundo reconhecendo?
Lá as pessoas reconhecem ele na rua, mas o assédio é um pouco mais respeitoso. O assédio é mais distante, na verdade. Você vê as pessoas olhando e admirando mas ninguém chega puxando a camiseta dele, entende? [risos]

Como foram as gravações?
Passei 25 dias com ele lá e foi quase um mês de acontecimentos incríveis. Ele está nessa de pilotar helicópteros e está bom nisso. Então rolou uma busca por piscinas de helicóptero com o Lance Mountain, que é um ícones das pool sessions na Califórnia. Teve a participação do Aaron Wheelz dropando a Megarrampa de cadeira de rodas pela primeira vez, já se prepoarando pra andar na Mega no Brasil. Teve o Ben Harper passando um dia com a gente lá na casa do Bob. Teve ele surfando com o Rob Machado, saltando de paraquedas em Huntington Beach e várias outras coisas legais. Mas o resto é segredo [risos].

 

 

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