Alexandra Loras reflete sobre a presença da mulher no mercado de trabalho e conta suas experiências: ”Meu maior desafio foi ser chefe de homens brancos”
"Precisamos de mais mulheres na liderança para tentar fazer com que o mundo seja realmente democrático", acredita Alexandra Loras. A consultora financeira e ex-consulesa da França participou da última Casa Tpm ao lado da maquiadora Vanessa Rozan e da publicitária Gal Barradas para falar sobre liderança feminina.
O talk, oferecido por Amaro, debateu sobre a proporção de mulheres em cargos de liderança e novos modelos de gestão que parecem estar surgindo. Aproveitando a discussão, a marca lançou o primeiro episódio da websérie Women Who Lead, uma produção em parceria com o instituto Plano de Menina.
Segundo o estudo Women in Business 2019, realizado pela Grant Thorton, 93% das empresas do Brasil responderam ter pelo menos uma mulher como líder. O número está acima da média global, de 87%. Porém, a proporção de mulheres em cargos de lideranças no país caiu para 25%. Como mudar essa situação? Alexandra Loras reflete sobre isso. Leia abaixo.
Por que você acha que precisamos de mais mulheres em cargos de liderança?
Representamos praticamente 52% do planeta, mas o sistema no qual fomos criadas nos inferioriza, nos educa com a síndrome da princesa. Isso nos desempodera. Porém, empresas que visam igualdade de gênero têm um crescimento de mais de 50% nos lucros. Se deixamos o poder de decisão e de criatividades só para homens brancos, não conseguimos refletir as necessidades e vontades da maioria. O homem branco age como se fosse a maioria, desenvolvendo um mundo através do seu olhar, mas esse prisma cria muitos desequilíbrios. Hoje estamos, finalmente, enxergando o quanto isso é um ciclo de erros que se repete. Precisamos de mais mulheres na liderança para tentar mudar este mundo e fazer com que ele seja realmente democrático.
O que é um jeito feminino de liderar? É se colocar como a dona daquela situação ou daquele lugar, é não se achar uma fraude. Assim, mandamos sinais totalmente diferentes sobre nosso posicionamento, nos empoderamos.
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Qual foi o seu maior desafio no mercado de trabalho?
Ser chefe de homens brancos. Em um dos meus cargos de liderança, tive um crescimento muito rápido e eles ficaram chocados. Chocaram-se pelo fato de eu falar vários idiomas, de conhecer a cultura americana para liderar as reuniões de feedback e me destacar. As pessoas que trabalhavam comigo não aceitavam uma mulher jovem e negra como líder. Quando eu recebi uma proposta para crescer ainda mais, me desesperei e não consegui aceitar. Eu precisava me empoderar um pouco mais, não conseguia me enxergar com esse potencial.
E a maior conquista? Ser escolhida para apresentar a edição especial de 14 de julho do Toutes les France, talk show de um canal público da França, para a comemoração de 50 anos de fim da colonização francesa na África. Foi um momento muito especial, mas percebi como precisava me preparar para as oportunidades que estavam chegando.
Créditos
Imagem principal: Zé Proença