Cosmética com ética

por Camila Eiroa
Tpm #138

Empresas buscam formas de testar seus produtos de beleza sem o uso de animais

A recente polêmica envolvendo os beagles do Instituto Royal levantou a discussão no Brasil sobre a necessidade de realizar testes de produtos em animais. Em novembro, um manifesto assinado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe) defendeu a proibição do uso de bichos para testar cosméticos, já que, segundo essas entidades, no caso específico desses produtos, há formas alternativas de fazer isso.

Vania Tuglio, promotora de justiça do Gecap (Grupo Especial de Combate aos Crimes Ambientais), aponta que entre as opções estão testes em humanos que se apresentem como voluntários e experimentos in vitro, nos quais são usadas peles de mamíferos, geralmente de restos cirúrgicos. Vania destaca que vários países já criaram leis para abolir a prática. “Em 27 países da União Europeia, em Israel e na Índia, os cosméticos testados em animais não podem mais ser comercializados”, afirma a promotora.

A Natura, o Grupo Boticário (responsável pelas marcas O Boticário, Eudora e Quem disse, Berenice?), a Feito Brasil, a Jequiti e a Contém 1g estão entre as marcas nacionais de produtos de beleza que declaram não realizar testes em animais. Como alternativa, elas usam experimentos in vitro, testes em humanos voluntários, modelos computacionais, além de pesquisa e revisão dos dados publicados em literatura científica. A ideia é se embelezar sem culpa.

Sim, é possível

Hillary Jones, da marca inglesa Lush, falou à Tpm sobre a política da empresa, que volta a atuar no Brasil em 2014

A Lush, marca de cosméticos inglesa que volta ao Brasil em 2014 (agora com administração direta da matriz), se tornou conhecida pelo barulho de suas campanhas a favor dos direitos dos animais. Em uma delas, a artista plástica Jacqueline Traide fez uma performance na vitrine de uma loja da marca em Londres, onde se submeteu a experimentos cruéis normalmente realizados em ratos, coelhos e cachorros. Hilary Jones, diretora ética da Lush, falou à Tpm sobre o tema.

Qual é a política da Lush em relação aos animais? Estamos no mercado há 18 anos, e nunca testamos nossos produtos em animais. Procuramos as alternativas possíveis, usando componentes diferentes dos usados habitualmente na produção de cosméticos. Temos dois pilares: usar ingredientes frescos e orgânicos e ter processos artesanais de produção. Nossos produtos têm um aspecto diferente, com cara, cheiro e textura de orgânicos.

As maquiagens também são orgânicas? Sim, e veganas. As maquiagens costumam ser o tipo de cosmético mais testado em animais. Posso listar experiências tão cruéis que você não conseguiria dormir à noite. Existem empresas que chegam a testar batom nos olhos de coelhos. Nós garantimos que o nosso produto não será testado de forma cruel em ninguém, muito menos em quem não pode responder por si mesmo.

Como vocês testam os produtos? Em humanos voluntários, mas nunca com algo que possa prejudicá-los.

 

fechar