Gosto do jeito que você ocupa espaço no mundo, no meu mundo
Quando te vi a última vez, você caiu nos meus braços chorando. Sempre te vi como mãe, como dançarina, como modelo, mas fiquei feliz de te ver também como alguém que chora. Você é uma pessoa que faz saladas, que cria sozinha a filha, que dança muito, que se recusa a usar saquinhos de plástico, que luta, briga, trepa e quando cansa, cansa mesmo.
Te vi sofrer. Te vi se posicionar como deusa, como musa, como bruxa além do tempo. Vi você guardar as mágoas, vi você se abrir como se fosse uma fruta há tanto tempo no sol, se rasgando pelo calor. Gosto do jeito que você ocupa espaço no mundo, no meu mundo. Gosto do teu preparo, do teu gozo, do jeito que admite que a tua pele pode ser a mais macia e deliciosa do mundo. Gosto de ver seus sucessos e também de te ver frágil.
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Gosto do jeito que você come a minha comida, gosto do jeito que você revira os olhos com prazer, gosto do jeito que você dá ordens. Gosto da forma que você ama a sua mãe e a sua irmã, gosto dos seus dedos longos, seus peitos firmes e dos pequenos milagres que você consegue fazer com seu bumbum. Gosto da sua política, das suas convicções, desse seu desejo de ver um mundo um pouco mais justo.
Gosto de ver você viver.
Créditos
Imagem principal: Autumn Sonnichsen
