Há coisas que sabemos que não sabemos, assim como coisas que não sabemos que não sabemos. O que podemos saber sobre nós de verdade? Porque tudo parece relativo à nossa capacidade de entender do momento; daqui a algum tempo o que sabemos sobre nós se tornará obsoleto diante novas amplitudes que atingirmos em nosso entendimento. O problema são as consequências: o que fazer com o que sabemos se sabemos que o que sabemos é relativo; como guiar nossas atitudes? O que podemos esperar do futuro? Às vezes penso que a vida é um jogo que vai sendo jogado com cada um de nós e temos que oferecer nossos lances porque de nada adianta abandonar a mesa. O jogo continuará a ser jogado conosco, com ou sem a nossa participação direta. Melhor fazer nossas jogadas, pelo menos teremos alguma chance de ganharmos algumas partidas, embora a vida dê as cartas e sempre jogue de mão. Parece que a história vive a nos enganar, o que esperamos nunca se realiza, pelo menos não como esperávamos. Karl Marx, por exemplo, jamais imaginou shopping center e multinacionais a quebrar toda sua lógica de que só o Estado poderia sustentar produção humana e que o socialismo seria obrigatório.
Quanto mais pesquiso e estudo tentando um encontro comigo mesmo, mais encontro o outro dentro de mim. Como se cada uma das pessoas me constituíssem e fizessem parte de mim. Talvez, ao analisar os outro eu vá encontrar a mim neles. Provavelmente não existe uma verdade pronta e acabada sobre mim mesmo. Vou fazendo e desfazendo das "verdades" que encontro acerca de mim na medida que caminho pela vida. Vivo a me espantar com a dimensão de minha ignorância acerca de mim mesmo, parece infinita. Não sei como sobrevivo a isso, pareço um sapo pulando pra lá e pra cá, sem destinar-me.