Provocação de quarta

por Carlos Sarli
Trip #182

A precisão dos boletins de surfe está cada vez mais apurada, mas a natureza surpreende

A geração mais nova de surfistas não viveu a ansiedade de ir pra praia sem saber as condições do mar. Durante muito tempo, o telefone do amigo do litoral, do filho do zelador que pegava onda ou do caseiro que sabia “ler” as condições foi a fonte para descer a serra com o espírito preparado.

Para a maioria, que não tinha esse acesso, a ansiedade seguia a viagem até a curva do “S” no morro da Boraceia, para quem ia para o Litoral Norte, e ali, ao avistar o mar, virava euforia ou decepção. Começavam também, a partir dali, as elucubrações sobre qual praia ir, se o mar estaria subindo ou baixando, que prancha usar; quando não, preparar uma desculpa quando as ondas estavam grandes.
Hoje, como os pais que não querem saber o sexo do filho até o parto, só não sabe se tem onda, de que tamanho, com que intervalo, vento e formação quem não quer. Desde o disque surfe, serviço telefônico que tem informantes pelo litoral, passando pelos boletins da web, que evoluíram a ponto de terem câmeras manipuladas pelos usuários remotos, até os informativos “personalizados” que chegam por e-mail, é inevitável tomar conhecimento da situação.

Entre os mais recentes desses serviços está o Líquid Dreams, que chega por e-mail duas vezes por semana. De leitura fácil e bem-humorada, é impossível não abri-lo entre os inúmeros e-mails que afogam a caixa de entrada. E quando o do meio da semana chega anunciando boas condições, o sonho vira pesadelo para aqueles cujos compromissos não permitem uma fuga pra praia.

Esses serviços de monitoramento também são usados para os campeonatos e começam a ser encomendados para programar viagens com antecedência. Mas, apesar da precisão da era da informação, a natureza prega surpresas. Esta semana o período de espera do Rip Curl Search, penúltima etapa do Mundial, em Portugal, começou na segunda, e o início da prova foi adiado com a previsão da entrada de um swell na quarta. As ondas realmente entraram, maiores que o esperado, destruíram a estrutura do evento, que foi adiado. Começou ontem, com ondas de um metro.

SUPERSURF
Após dez anos organizando o Brasileiro (a última etapa será na próxima semana) o Grupo Abril entrará na divisão de acesso do mundial em 2010. Serão quatro etapas de quatro a seis estrelas no sul e sudeste do país. O Brasileiro passará a ser organizado pelo Max Sports com comercialização da Brasil 1.

SELETIVA SUB-20
Diana Cristina e Gabriela Leite serão novamente as surfistas brasileiras no Mundial, em janeiro na Austrália. Miguel Pupo lidera no masculino e Jadson André tem a vaga assegurada pelo WQS. A etapa decisiva acontece na Bahia.

FILMES DE MONTANHA
A nona Mostra Internacional começa hoje no Cine Odeon Petrobras, no Rio. Snowboarding, escalada e BASE jump estão no programa.

 

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