O que atrai?
Há cerca de uns 25 anos atrás, perguntei a uma amiga íntima sobre o que a atraia em um homem. Queria saber não bem dela, que era casada, mas das mulheres; o que nos homens as atraia. Respondeu-me que ela olhava nos sapatos do sujeito (ainda se usava sapato naquela época). Se estivessem limpos e engraxados, então reparava no resto. Afirmou que homens que descuidam de seus sapatos, também são descuidados com o resto de suas vidas. Ela possuía vivência (e eu conhecia) para fazer tal afirmativa.
Fiquei meio em dúvida mas, em todo caso, nunca mais sai de casa com os sapatos (agora tênis) sujos. Não seria por esse detalhe que eu deixaria de atrair mulheres. Ouvi a atriz Silvia Bandeira, quando no auge de sua formosura (uma das mulheres mais belas de sua época), responder a essa pergunta de modo que me pareceu definitivo. Ela dizia que um homem para interessá-la precisava ter história. Quer dizer: vivência, experiência e conhecimento existencial.
Talvez eu respondesse parecido, caso me fosse perguntado acerca do que me atrai em uma mulher. Quando perguntaram para Pablo Neruda como teria que ser uma mulher para atraí-lo, respondeu que “feita de muitas mulheres”. A resposta é semelhante à anterior, qual fosse a contrapartida masculina. Como seria um homem feito de muitos homens? Um homem com muitas histórias. História, no sentido de vivências férteis para contar.
Muitas coisas me atraem em uma mulher. Há que haver uma beleza, mesmo que só eu a perceba. Caso contrário, não haverá tesão. Mas fundamental de verdade para que não apenas atraia, mas que permaneça, é o conteúdo de sua conversa. Diálogo para mim é fundamental em uma mulher. E para que haja diálogo interessante e conseqüente excitação, é preciso história, vivências e reflexão.
História, vivência e diálogo parecem ser ingredientes permanentes em qualquer receita para irresistível atração.
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Luiz Mendes
30/04/2010.
