Nação Zumbi vai de Tim Maia a Beatles

por Bruna Bittencourt

Banda pernambucana lança disco de releituras ”Radiola NZ Vol. 1” e o guitarrista Lúcio Maia prepara playlist só de covers para a Trip

Se você já foi a algum show da Nação Zumbi, provavelmente lembra do grupo intercalando suas composições com algum cover, resgatando faixas clássicas, como "Tomorrow Never Knows" (Beatles) ou "Purple Haze" (Jimi Hendrix). Releituras fazem parte do repertório da banda desde Afrociberdelia (1996), quando regravaram "Maracatu Atômico", de Nelson Jacobina e Jorge Mautner, e "Criança de Domingo", da banda indie paulista Funziona Senza Vapore. Repetiram em Rádio S.amb.a (2000), quando transformaram o samba "Jornal da Morte", conhecido na voz de Roberto Silva, em rock. E, sob a alcunha de Los Sebosos Postizos, fizeram uma série de shows interpretando o repertório de Jorge Ben, o que rendeu um disco em 2012, e, no ano seguinte, dividiram um álbum com o Mundo Livre S/A, em que uma banda interpretava as músicas da outra. Natural então que chegasse a hora de gravar um disco só de releituras. E chegou agora, depois de mais de duas décadas de estrada.

Radiola NZ Vol 1., que os pernambucanos lançaram na sexta-feira (24/11) e mostram em shows em São Paulo neste mês, traz versões para músicas de diversos estilos, de do soul brasileiro de Tim Maia ("O Balanço") ao ska dos ingleses do The Specials ("Do Nothing"). "O critério de escolha das músicas foi o desafio. Se fosse óbvio, não faríamos", conta o guitarrista Lúcio Maia. Seguindo essa premissa, foram descartadas releituras de maracatus, familiar ao universo dos pernambucanos, e de Jorge Ben, que já teve seu repertório bem explorado pelo grupo. "Foi um desafio criar do zero, por exemplo, uma versão de 'Sexual Healing', do Marvin Gaye. Nunca tínhamos gravado uma música do Tim Maia, do Erasmo Carlos, do David Bowie."

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A banda tomou emprestado "Refazenda" de Gilberto Gil — que gravou com os pernambucanos, ainda nos tempos de Chico Science, "Macô", do disco Afrociberdelia. Para a releitura, contaram com o maestro baiano Lettieres Leite e sua Orquestra Rumpilezz, com quem se encontraram no Rock in Rio, em 2015. "Ali já rolou uma safadeza em comum", ri o guitarrista. A parceria com Ney Matogrosso, com quem interpretaram o repertório do Secos & Molhados também no palco do Rock in Rio, em setembro passado, trouxe o cantor para o disco. A versão que gravaram para divulgar o show no festival de "Amor" (Secos & Molhados) acabou no repertório de Radiola NZ. "A convivência com o Ney foi bem além do que uma experiência profissional, foi um aprendizado de vida", diz Maia. "Futuramente, deve rolar mais alguma coisa."

Dos discos de covers preferidos, pinça Feijoada Acidente?, do Ratos do Porão. O álbum de 1995 da banda paulistana —  uma paródia com Spaghetti Incident?, disco de covers do Guns N' Roses — , traz releituras de bandas punks brasileiras e estrangeiras que a influenciaram, de Garotos Podres aos americanos do Dead Kennedys. 

Para a Trip, o guitarrista selecionou uma playlist de covers que traz "Polícia", dos Titãs, pelo Sepultura; "Inspiration Information", de Shugie Ottis por Sharon Jones & Dap Kings e "Head On", do Jesus and Mary Chain pelos Pixies... Aperte o play!

Vai lá: Nação Zumbi/Radiola NZ
14 e 15 de dezembro, às 21h30; 16 de dezembro, às 18h30, no Sesc Pompeia, São Paulo.

Créditos

Imagem principal: Dovilé Babraviciuté/Divulgação

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