God save the Queen

por Marília Kodic

Brian May e Roger Taylor lotam o Via Funchal para um revival dos clássicos do Queen

Sem Freddie Mercury há 17 anos e sem tocar no Brasil há 22, a notícia do show do Queen + Paul Rodgers foi recebida com entusiasmo e curiosidade pelos fãs. Enquanto milhares de pessoas se ajeitavam à procura da melhor vista do palco nos minutos que antecederam o show, as dúvidas aumentavam. Como seria o show do Queen sem a “rainha” da banda? O Paul Rodgers daria conta? Será que aquela grana toda valeu a pena? Não demorou pra que as hesitações sumissem. Às 22h em ponto, as luzes se apagaram e o show começou.

"Hammer to Fall" iniciou a noite, seguida de outros rocks mais pesados como "Tie Your Mother Down" e "I Want It All". O telão mostrava imagens astronômicas, uma das paixões do guitarrista May, que arriscou algumas palavras em português: “Boa noite”, “Como vai” e “Obrigado”. Roger Taylor já foi mais objetivo: “Que calor!”. Paul Rodgers, longe de tentar imitar Mercury, imprimiu sua própria personalidade às mais de vinte canções, e deixou o holofote para os integrantes originais da banda. Do álbum novo, The Cosmos Rocks, músicas como "Surf's Up... School's Out" e "We Believe" não chegaram a animar os fãs, apesar de arrancarem aplausos mistos de admiração e respeito.

Um dos momentos de maior emoção, contudo, se deu logo em seguida. As luzes caíram sobre Brian May, que largou a guitarra para cantar, acompanhado do violão e de um coro de 6 mil pessoas, a música "Love of My Life". Claramente emocionado, May interrompeu a música para dizer, para a alegria dos presentes: “Eu provavelmente serei penalizado por dizer isso... mas vocês estão sendo a melhor audiência de todas! Eu não sei o que acontece na América do Sul. Vocês têm algo especial!”. Em seguida, sem Paul Rodgers, May e Taylor assumiram os vocais em músicas como "I'm In Love with My Car" e "A Kind of Magic".

Taylor mostrou um solo de bateria diferente de qualquer outro, usando baquetas em um baixo e, em seguida, em um único tambor e chimbal. Enquanto isso, um novo kit de bateria era montado ao seu redor. Em seguida, Rodgers voltou ao palco novamente para cantar hits como "Under Pressure" e "Radio Ga Ga", esta sempre um favorito do público, que acompanhou com palmas. "Crazy Little Thing Called Love", que originalmente contava com Freddie Mercury na voz e violão, viu uma platéia cantar em coro o trecho “Ready Freddie”, em homenagem ao ídolo. Contudo, a verdadeira homangem se deu, como não poderia deixar de ser, na hora de "Bohemian Rhapsody". As luzes se apagaram e Freddie apareceu no telão, cantando a música, emocionando a legião de fãs presente. Em seguida, Rodgers deu uma performance incrível de um de seus hits com o Free, "All Right Now". A banda finalizou com duas das músicas mais esperadas do show: "We Will Rock You", com as inevitáveis palmas em uníssono, e "We Are The Champions", com direito a um Brian May de bermuda e camiseta (do Brasil).

Após 2h30 de show, a despedida se deu, como esperado, ao som do hino da Inglaterra, God Save The Queen. A dúvida fica: é ou não é Queen? Como disse May: “não faria sentido nesse momento fingir que não temos um passado”. E que passado. O que fica, apesar da tristeza da perda de Freddie Mercury, é um repertório de grandes canções. Quem pensava que o Queen havia morrido juntamente com Freddie, em 1991, estava enganado. Roger Taylor, Brian May e Paul Rodgers brilharam no palco do show que começou com uma chuva de meteoros e temrinou com uma chuva de aplausos. Sem dúvida, três grandes estrelas.

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