Conseguimos interrogar (e despir) a linda delegada da série A lei e o crime, da Record
Dona Chica não é mole, não. A moça parece blindada, exigente, à prova de balas perdidas ou achadas, emoções guardadas num bunker. Tem que ir na manha pra tatear o segredo do cofre que oculta o coração da bela. Vai vendo.
Nascida em Campinas há 29 anos, Francisca Vaz Queiroz mora no Rio há quase dois. Especificamente no Leblon, paraíso dos paparazzi e papa-capas de revistas de fofoca. Sobre isso Chica é padrão: não detona os colegas, tampouco usa a discrição como regra do jogo. “Quem gosta de aparecer apareça. Prefiro ficar na minha. Deixar de morar em um bairro como o Leblon, com clima de Rio antigo e uma praia incrível, só pra escapar dos caça-celebridades? Nada a ver”, diz. A voz é mansa, apaziguadora, porém firme e séria. Sem querer misturar criador e criatura, um registro bem próximo de sua Catarina Laclos, a delegada socialite protagonista de A lei e o crime – série criminal que faz sucesso na Record há dois meses, com sua luz de cinema e diálogos naturalistas à Tropa de elite.
“Nunca me envolvi em fofoca, espero jamais ter de falar da minha vida: quero meus personagens à frente. É um perigo para a atriz quando sua imagem é maior que a personagem. É diferente de você tornar sua vida o motivo da entrevista. Acho que é porque sou do interior... não tem como negar!”, ri a moça. Já deu um toque: vai ser jogo duro roubar alguma história mais... íntima.
DE FRENTE PRO CRIME
Para Chica, o universo criminal vem de berço: a mãe foi advogada criminalista, e transitam pelo direito outros familiares. Também conheceu várias delegadas de distritos barras-pesadas para o laboratório da personagem. Mas não faz muito tempo ficou de frente pro crime – e aí sim o sangue gelou. Ao entrar no carro quando deixava a casa de uma amiga na Lagoa, Chica foi abordada por quatro bandidos. Rodaram com a atriz por dois quarteirões e depois a liberaram, levando dinheiro, documentos, celular e rádio. Mesmo abalada, Chica engoliu o choro e no mesmo dia encarou o batente na Record. É um assunto difícil para ela.
“Ah, você quer mesmo falar disso? Sou só mais uma pessoa que passa por isso. A gente vive num faroeste. Acho triste, não é curioso que ‘uma atriz que faz papel de delegada’ seja assaltada. Me senti impotente. Tive sorte que não me aconteceu nada, mas o tempo todo tinha medo que os caras fossem cruéis – é só lembrar desse casal que foi jogado do Joá, do Yuka empurrado do carro. Vi um revólver, só, e baixei a cabeça. Jamais me passou pela cabeça o meu trabalho, só queria sair dali.” No mesmo dia, Chica gravou uma cena em que subia uma favela empunhando uma submetralhadora Uzi.
Durona? “Acho que sou forte, mas nem sempre. Sou Virgem com Virgem, né! Fico brava só quando me sinto desrespeitada. Tenho energia de briguenta, mas me controlo. É como aquela piada budista... um cara está correndo num cavalo desgovernado e perguntam ‘o que está fazendo? ’, ele responde ‘não sei, pergunta pro cavalo!’ [ri]. Não acho nada errado em ser controlada... Minha personagem é mais forte que eu.” Qual a atitude mais durona que já teve? “Sair de casa com 17 anos. E, quando tomei consciência de que não seria tão fácil ser atriz, precisei de força. Sempre me pergunto, por que fui escolher isso?” E por que foi escolher isso? “Sempre fantasiei ser atriz... me lembro que já fantasiava quando viajava com meu pai, a gente se hospedava em hotéis velhos ou então incríveis, e ele ia criando histórias...”
Tirar a couraça para as fotos na Trip foi tranquilo. “Não queria só explorar nem imortalizar a beleza”, diz a dona de 1,78 m e 58 kg que desconhece as próprias medidas. “Me sinto muito bem hoje, relaxada, segura, feliz. Me sinto mais bonita aqui que em São Paulo. Aqui você é muito mais olhada. Tem uma energia no Rio, uma beleza natural tão forte, o sentido do olhar te dá um gás: isso te deixa mais sereno.” Tem alguma diferença no jeito como a mulher carioca e a paulista encaram a sexualidade? “As paulistas são mais conservadoras. Aqui tem uma coisa mais sexual no ar que em São Paulo. Mas... não sou nenhuma expert...”, dribla. O que as mulheres querem? “Quem sou eu pra falar isso? De modo geral, acho que a gente não quer superficialidade.”
E, afinal, à pergunta que não quer calar, a delegada não foge do interrogatório: “Estou há dois anos solteira. Sempre namorei muito, mas achei que era a hora de priorizar o trabalho. E gosto de estar só comigo. Não estou desesperada. E não sigo um padrão de homem. Precisa ser alguém que eu admire, que tenha senso de humor, leveza... O importante é o caminho, nem é tanto chegar”, e se cala. Sobre a vida pessoal, declarações mais claras que essas talvez só sob tortura. Pra fechar, já que esta é uma edição sobre praia, cinco coisas que levaria para uma ilha deserta? “Caneta e papel, música, um vinho, um livro pra tentar manter autocontrole e alguém, né... sei lá, o Brad Pitt, talvez...” Sentiu o drama?
Créditos
Imagem principal: Daniel Aratangy