Faltam poucos minutos para o fim da humanidade

por Marcos Candido

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Não é apenas impressão sua. A destruição do meio-ambiente, as guerras e armas nucleares colocam a humanidade a três "minutos" da meia-noite. Ou seja, a "três minutos" do fim da sociedade como conhecemos. Esse tempo é apenas simbólico, mas não menos alarmante, dizem os cientistas do Bulletin of the Atomic Scientists, periódico que publica o "Relógio do Apocalipse".

Como  o nome sugere, o relógio é um objeto fictício que indica o quão próximos estamos do fim da humanidade. Quanto mais perto da meia-noite, mais próximo do desfecho da sociedade humana. No início deste ano, os pesquisadores mantiveram o relógio ajustado em 23h57, um dos horários mais avançados desde 1984, quando a Guerra Fria ameaçava destruir o planeta com uma guerra nuclear de grandes proporções. Um exemplo clássico do relógio pode ser visto em Watchmen, quadrinho assinado pelo roteirista Alan Moore, em 1987.

Para justificar os ponteiros, o grupo aponta, principalmente, a falha de governos mundiais em combater a destruição do meio-ambiente, assim como a resistência em se desarmarem de seus arsenais bélicos.  

Na esfera climática e ambiental, o Bulletin acredita que a sociedade vem errando ao criar uma receita que una desenvolvimento e preservação. O Acordo de Paris, firmado por 195 países em prol da redução da temperatura global em 2015, foi visto pelo grupo como um avanço, mas como uma "pequena luz no fim do túnel de um mundo sombrio e com potencial catastrófico". A aderência de países como Canadá, Austrália e Vaticano com a agenda climática, bem como a exploração sustentável de novas formas de produção energética, também são aspectos vistos com bons olhos - ainda que sejam medidas tomadas de forma vagarosa, avalia o grupo.

Criado em 1947 por doutores da Universidade de Chicago, o Relógio do Apocalipse tem em seu cerne a preocupação com armas nucleares. Neste "horário" atual, a coisa não é diferente. O Bulletin mostra que nações donas de aparato nuclear estão desenvolvendo armas cada vez mais destrutivas. "Nós vivemos em um mundo em que as tensões nucleares entre Estados Unidos, Rússia e Coreia do Norte estão em patamares altíssimos", diz em comunicado Thomas R. Pickering, membro do grupo de cientistas e embaixador norte-americano aposentado. Com o empenho de Irã e outros países na criação de armas nucleares, sobrou até para o Brasil, que esboçou o desejo em elaborar uma arma nuclear pelos idos de 2010. "Enquanto armas nucleares forem tratadas como segurança nacional, toda a humanidade permanecerá sob em risco", diz o relatório.

Desde sua criação, ao fim da Segunda Guerra Mundial, o Relógio do Apocalipse foi ajustado 21 vezes. Em 1953, estávamos a dois minutos do fim. Em 1991, a 17 minutos. Para que o horário pare de avançar, os cientistas recomendam o fim da corrida nucelar e medidas mais enérgicas contra o aquecimento global e o desmatamento.  

A Trip tentou entrar em contato com os editores do Bulletin para descobrir se há previsão de quando esse relógio irá retroceder, mas não obtivemos resposta.

Créditos

Wikimedia

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