Dez motivos para não perder Daniel Johnston em SP

por Luiz Filipe Tavares

Uma lista para você conhecer melhor o trabalho do compositor que vem ao Brasil em abril

Agora vai! Após cancelar por problemas de saúde os shows que faria no Brasil em março, Daniel Johnston já tem novas datas para sua primeira turnê sulamericana e se apresenta em São Paulo no dia 26 de abril, no mesmo Beco 203, que receberia o show do compositor cancelado no mês passado. Os ingressos para a vigésima edição do Popload Gig custam R$ 160 (R$ 80 a meia) e já estão à venda nas bilheterias do Beco e pelo site da Ticket Jam. A festa começa às 19h30 com discotecagem de Helena Sasseron, DJ residente da festa Decadance, que também assume as pick-ups depois do show.

Na ativa desde o fim dos anos 70, Johnston é considerado um herói do underground americano. Suas fitas caseiras tornaram-se um marco da cena musical texana e transformaram seu nome em sinônimo de lo-fi no oeste americano. Lutando desde sempre contra uma esquizofrenia severa e com um transtorno bipolar, sempre foi avesso aos holofotes e desde os primórdios de sua carreira prefere trabalhar sozinho a usar um aparato de gravação mais profissional.

Em homenagem à primeira passagem do mito do lo-fi americano pelo Brasil, a Trip lista dez motivos que tornam Johnston especial para que você nem pense em perder a chance de ver o lendário artista em ação no palco.

1 - Repertório
O cara tem 21 álbuns, sendo os 11 primeiros gravados de forma totalmente caseira. Em sua discografia estão clássicos absolutos da música independente como Hi, How Are You (1983), 1990 (1990), Lost and Found (2006), Fun (1994) e More Songs of Pain (1983), um mais intimista e revelador do que o outro. As gravações simples tornam a apresentação ao vivo das músicas ainda mais poderosa, fato que sozinho já torna esse show imperdível.

2 - New Sincerity
Johnston é o mais perene dos artistas ligados à estética da New Sincerity, uma espécie de resposta folk à ironia e ao cinismo do punk e da new-wave. Entre os maiores expoentes dessa geração estão The Raivers, Jon Dee Graham, Alejandro Escovedo (ex-The Nuns) e Glass Eye, que ajudaram a moldar o som de heróis do indie rock moderno como Cat Power, Okkervil River, Conor Orbest (Bright Eyes), entre outros.

3 - Austin não existiria sem ele
O compositor fez seu nome em Austin, uma das maiores cenas de música independente dos EUA atualmente. Mas em 1980, quando Johnston começou, ainda não havia SXSW e todo o hype ao redor do cenário da cidade. Foi a obra de Johnston e de outros artistas como ele que colocaram a cidade no mapa do rock alternativo internacional

4 - Hi, How Are You
Lançado em fita em 1983, o trabalho mais cultuado da carreira de Johnston trazia 15 músicas do calibre de "Walking the Cow", "Desperate Man Blues", "Nervous Love", "Big Business Monkey", entre outras. O disco é um marco no lo-fi estadunidense e sua icônica capa acabou virando o maior símbolo da carreira do músico de lá para cá.

5 - Batalhas contra si mesmo
Daniel luta diariamente contra os transtornos psíquicos. Alguns episódios psicóticos já quase o mataram, incluindo o dia em que o compositor arrancou a chave de contato de um avião pilotado por seu pai em pleno vôo e jogou-a pela janela, quase matando os dois. Por sorte, seu pai fora piloto da força aérea e foi capaz de pousar o avião, saindo apenas com ferimentos leves

6 - Batalhas contra os demônios invisíveis
Os mesmos problemas psicológicos influenciaram e muito o rumo de sua carreira. Johnston recusou um contrato com a gravadora Elektra no início dos ano 90 porque o Metallica estava no casting do selo e, segundo ele, o grupo estaria possuído pelo demônio. Na época, Daniel estava em um hospital psiquiátrico e resolveu demitir o seu empresário que tentou o acordo com a Elektra, alegando que ele também estaria possuído pelo demônio

7 - Arte bruta
Johnston também tem uma respeitada carreira nas artes plásticas. O reconhecimento começou com a produção gráfica de seus lançamentos, mas hoje há pinturas de Johnston em galerias de Londres, Nova York e outras grandes metrópoles das artes. Em 2013, ele lançou no SXSW a sua primeira história em quadrinhos, Space Ducks – An Infinite Comic Book of Musical Greatness.

8 - Fãs legais
Nos anos 90, Johnston teve um boom de popularidade depois que Kurt Cobain (Nirvana) foi fotografado diversas vezes usando uma camiseta com o desenho da capa de Hi, How Are You. Suas músicas já foram gravadas por Beck, TV on the Radio, Tom Waits, Death Cab for Cutie, Flaming Lips, Mercury Rev, Eels e muitos outros.

9 - Colaborações
Johnston é um recluso a maior parte do tempo, mas já dividiu seu estúdio com grandes nomes da música. Daniel gravou com Jad Fair, Yo La Tengo, Okkervil River, Danny and The Nightmares e The Swell Season, além de ter gravado músicas para o filme Kids, produzido por ninguém menos que o multi homem Lou Barlow (Sebadoh, Folk Implosion, Dinosaur Jr.)

10 - Cinema
A obra de Johnston foi amplamente dissecada no excelente filme The Devil and Daniel Johnston (O diabo e Daniel Johnston). O documentário foi premiado em Cannes e mostra os altos e baixos da carreira do visceral compositor americano. Se essa lista não te convenceu a ver o show do cantor em São Paulo, o filme vai fazer o serviço.

Veja abaixo

 

Vai lá: Popload Gig XX com Daniel Johnston
Abertura: DJ Helena Sasseron
Quando: sexta-feira, 26 de abril, às 21h30
Onde: Beco 203 - Rua Augusta, 609 - Consolação, São Paulo
Quanto: de R$80 a R$160
Ingressos: www.ticketjam.com.br ou na bilheteria do Beco 203
Informações: (11) 2339-0358

Site do artista: www.hihowareyou.com

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