Ainda há possibilidade de sobrevivência no planeta?

por Luiz Alberto Mendes

                  “O homem é um predador ineficiente, imediatista, que   

                      tende a não calcular o quanto pode consumir antes de

                      se auto destruir.”

                                                                                     Marcelo Gleiser 

                                            

Evoluímos, enquanto espécie, o suficiente para contermos os desastres ecológicos que fomos causadores? Seremos capazes de reconstruir o mal que causamos? Mas, fomos tão devastadora que nos condenamos ao fim? E os fatores naturais, aqueles que não somos causadores? Deveremos temer o dia de amanhã? O medo nos leva a atitudes reagentes e, reagir não é a melhor defesa. Seria possível propor um novo futuro? Sim porque futuros só existem potencialmente. Como ele ocorrerá, podemos até raciocinar em parte, mas em alguma outra parte podemos ser surpreendidos.

O animal tem um conjunto limitado de respostas instintivas. O homem, um feixe infinito de questões. Nossa ação não se adapta ao mundo. Estamos condenados a transformar e ultrapassar. Nossa proximidade já é transformadora. Somos culturais e não naturais. Formulamos conceito e damos nome a tudo. Nosso progresso parece sinônimo de destruição.

Os cientistas têm posições divergentes quanto ao futuro do planeta e a responsabilidade humana nisso. Um primeiro grupo de cientistas afirma que o aquecimento global, a perda da biodiversidade, extinção de espécies, escassez de água potável, entre outras questões, são ameaças prementes causadas pelo homem. Defendem posições baseadas nas leis da entropia e da termodinâmica. Segundo tais leis, em algum momento a energia que o homem usou e transformou em energia não utilizável, inviabilizará a vida no planeta. Exatamente porque não haverá como dissipar essa energia. Acreditam que a humanidade teria como prolongar sua estadia na Terra. Porém já optamos por uma “passagem excitante e aventurosa” pelo planeta.

Um outro grupo afirma que o mal que fazemos ao mundo é de importância reduzida em relação às atividades vulcânicas dos oceanos e as variações do Sol. Para eles, o que vai acontecer ao planeta tem uma programação natural. Já houve catástrofes climáticas radicais, eras glaciais e extermínio de espécies (dinossauros), antes do homem. Afirmam que se as sociedades crescem destruindo o meio ambiente, quando se sofisticam, educam-se de modo a recuperar o que destruíram.  A recuperação dos rios nas grandes capitais mundiais é exemplo disso.

Para ser cientificamente correto, é preciso admitir que essas posições não estão comprovadas. A própria controvérsia deixa isso claro. Ao mesmo tempo, nenhum desses argumentos pode ser descartado, mesmo que nada possa ser provado. Esperar comprovações científicas talvez seja a melhor posição, mas pode ser que esses danos se tornem irreversíveis, nesse tempo. Então se faz necessário crer na possibilidade da catástrofe para que decisões urgentes sejam tomadas.

Para concluir, existem divergências científicas sobre várias questões: esta mesmo acontecendo um aquecimento global? Qual as responsabilidades das ações humanas nisso? Essa divergência dos cientistas, deixa sérias preocupações. Uma solução que seja o meio termo de tais posições radicais ainda conduzem ao medo. Meias catástrofes não existem; as tsunamis já provaram isso. Só de uma coisa tenho certeza: precisamos reunir toda nossa capacidade de gerar  esperanças. Sem ela, ai sim a sociedade se tornará insustentável.

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Luiz Mendes

26/05/2014.

 

 

 

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