Quando a demanda gera demanda
Os programadores televisivos, quando questionados sobre o baixo nível e a péssima qualidade de suas programações, sempre tiveram a mesma resposta. Afirmam que ofertam às pessoas o que elas querem. Segundo eles, as pesquisas de opinião dirigem a programação. Não podem fazer por menos. Perderiam a audiência para a concorrência. Sem audiência...
O problema é que quando a oferta atinge a demanda, ela começa a gerar mais demanda para a mesma oferta. Funciona como um moto-contínuo. Um vórtice devorador aberto no espaço. A constância transforma-se em hábito/vício e cria suas próprias necessidades. O que a princípio expressava a preferência das pessoas, passa a contribuir para multiplicá-la.
É o caso desses programas televisivos que expressam as violências existentes em nossa sociedade. O povo deleita-se e assiste com tensão/prazer a teatralização exacerbada da violência que ocorre no cotidiano. Mas na medida em que se exagera na expressão da estupidez, esse “coquetel de sangue” a que as pessoas se expõem diariamente, banaliza-se a violência e se contribui para multiplicá-la.
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Luiz Mendes
15/09/2011.