Dono do canal Aviões e Músicas, que soma mais de 2 milhões de inscritos, o mecânico e piloto fala sobre acidentes, medo de voar e o impacto da pandemia na aviação
O que realmente aconteceu no acidento com os Mamonas Assassinas? Qual é o aeroporto mais perigoso? Quantos litros um Boeing 777 faz por quilômetro? Todas essas perguntas são respondidas no canal do YouTube Aviões e Músicas, com mais de 2 milhões de inscritos. Lito Sousa, um mecânico de aviões com 36 anos de profissão transformado em influenciador digital, aproveita o conhecimento enciclopédico que adquiriu nas últimas décadas para desvendar de uma forma divertida mitos e acidentes que fascinam não só os aficionados por aviação, mas todos aqueles que gostam de uma boa história.
Nascido de uma família pobre do sertão do Rio Grande do Norte, Joselito Geraldo de Sousa começou a carreira aos 14 anos em um curso técnico no Guarujá. Desde lá, foi funcionário da Varig, Transbrasil e United Airlines. Mas no fim do ano passado, ele precisou deixar a profissão para se dedicar exclusivamente aos seus vídeos. Recentemente, já aos 53 anos, realizou também o sonho de se tornar piloto.
Em entrevista para o Trip FM, o especialista contou sobre a suas origens, falou do último acidente com a China Eastern, de medo de voar, discordou do documentário da Netflix “Queda Livre”, sobre o Boeing Max, e explicou a ejeção dos pilotos da esquadrilha da fumaça no último dia 28. Confira no play nesta matéria ou procure o Trip FM no Spotify.
Trip. Uma questão delicada na aviação é a emissão de carbono. Pelo que eu consigo enxergar não existe uma solução próxima para isso, ou estou enganado?
Lito Sousa. Com o peso das baterias, aviões elétricos não vão passar de duas horas de voo. Aeronaves movidas a hidrogênio são de fato a missão zero, já que o resultado da queima de combustível é a água. A partir do momento em que os aviões desses começarem a voar nós vamos ter um planeta muito mais úmido. Não é algo que só a aviação vai participar, é preciso mudar toda a estrutura do aeroporto. Como você vai abastecer um avião desse com um combustível muito mais volátil e perigoso? Essa já é uma tecnologia avançada. A indústria vai passar por uma transformação.
Acho que nem mesmo durante as grandes guerras houve um impacto tão grande na aviação quanto durante a pandemia por Covid-19. Queria que você falasse sobre esse cenário. A aviação tem duas características: é resiliente e aprende com os erros. Antes da pandemia, houve o aprendizado com os ataques do 11 de setembro e com a epidemia de SARS. Foram dois baques que deixaram aviões no chão. O que aconteceu de importante com a Covid-19 foram os protocolos criados dentro do avião para diminuir a contaminação. Uma próxima pandemia já será muito diferente para a aviação.
A minha impressão é que acidentes são, na maioria dos casos, causados por erros humanos. É verdade? O fator humano é preponderante nos acidentes de aviação. Cerca de 90% dos desastres são causados por erros de pessoas. Nem sempre é imperícia, mas existem diversos erros que vão se acumulando até se transformarem em um desastre. É por ser complexa a fisiologia de um acidente que eles não acontecem o tempo inteiro.
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