Kondzilla: Me motiva atuar onde ninguém mais quer

por Redação

Gigante da audiência, produtor fala sobre desigualdade, novos projetos e empreendedorismo

Konrad Dantas, o Kondzilla, nasceu no Guarujá, cidade como tantas outras no Brasil onde a disparidade social se faz notar à primeira vista. Criado em um conjunto habitacional anexo ao mangue, ele lembra de comentar com o irmão, ainda criança, que um dia moraria em um dos condomínios de luxo à beira-mar. “Sempre soube que viveria da música", fala como quem nunca duvidou de um futuro melhor.

A escolha do apelido – uma mistura de seu nome de batismo com Godzilla, o personagem do imaginário japonês – serve como prova da ambição: Kond, como é tratado pelos amigos, de fato se tornou um gigante. Seu canal do YouTube, um dos grandes estopins para a explosão do funk no Brasil, conta visualizações aos bilhões e sua empresa não para de expandir, somando agência, licenciamento de marca e portal de conteúdo à já consagrada produtora de videoclipes. De lá, saíram séries como "Sintonia", exibida pela Netflix, com segunda temporada prometida para este ano, além do documentário "Lexa: Mostra Esse Poder", sobre a cantora, que também sai em 2021, mas dessa vez no catálogo da GloboPlay. "O que mais me motiva é atuar onde ninguém quer trabalhar", conta.

Em entrevista ao Trip FM, comenta outros projetos, lembra do apoio da mãe, que morreu quando ele tinha dezoito anos, e exibe seu lado empresário. 

Trip. Eu sei que ali no Guarujá tem de tudo um pouco: de condomínios com praias particulares até situações de miséria absoluta. De onde você é exatamente? Me conta um pouco qual é a sua origem e como era conviver com essas diferenças?

Kondzilla. Eu cresci em um conjunto habitacional chamado CDHU que ficava fora da zona urbana, próximo ao mangue do bairro de Santo Antônio. Depois que ouvi banqueiro falando que passou por uma vida difícil, fica até complicado comentar o que é ter uma vida difícil. Cada um tem as suas dificuldades. Naturalmente, também tive as minhas. Gosto de citar uma situação que aconteceu com meu irmão. Minha mãe foi fazer um bico em um condomínio de luxo e nós fomos juntos. Lembro de falar para ele que um dia, com toda certeza, iríamos morar ali. Hoje eu moro neste mesmo condomínio.

Tem pessoas que parecem que já tem uma rota traçada desde cedo. Você tinha essa clareza de que iria dar certo, que se daria bem na vida? É difícil falar sobre isso neste momento, mas eu sempre tive certeza de que viveria de música. Tentei trilhar esse caminho por estradas diferentes: achava que seria como cantor, depois produtor musical e acabou acontecendo como diretor de videoclipe. E, sim, graças a Deus hoje eu vivo de música. O meu core business é a música.

Eu sei que talvez esteja cansado de falar sobre isso, mas você é um dos grandes estopins da popularização do funk no Brasil. Como isso aconteceu? Eu falo sobre isso com muito orgulho. O contrário seria como se os Rolling Stones fizessem um show e não tocassem Satisfaction. Faz parte da minha história. Eu experimentei fazer diversos conteúdos. Comecei com esportes radicais porque achei que seria difícil entrar no mercado da música, mas o que aconteceu foi que eu era pago com produtos, em permuta. Não fazia sentido. Eu já estava desanimado, depois de fazer vídeo de surf, de skate e outros esportes, pensei em aplicar o mesmo modelo para música, testando vários gêneros – pagode, rock, sertanejo, funk e rap. O segundo clipe de funk que eu fiz bombou e o terceiro deu um milhão em duas semanas. Foi isso, decidi que era ali que tinha que investir.

Você tinha algum curso ou foi totalmente na raça? Quando a minha mãe faleceu, ela deixou um seguro de vida. Nós investimos esse valor em educação. As companhias de seguro chamam de prêmio, mas eu não acho que seja: perdi a minha mãe. A minha posição hoje está muito baseada nesta visão dela, de deixar esse dinheiro. Eu não sei por qual motivo, mas ela fez três seguros de vida. Diariamente eu faço esse exercício de ficar imaginando o motivo pelo qual ela fez isso. Desde criança ela me preparou muito para esse momento. A gente ainda vai se encontrar e vou agradecer por tudo isso.

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Imagem principal: Divulgação

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