Chefe da Reserva Marinha do Atol das Rocas

Filha e neta de funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Maurizélia de Brito Silva, a Zélia, 45 anos, demorou a encontrar sua vocação. Menina endiabrada, aprontou de tudo antes de descobrir que sua paixão era uma ilhota a 26 horas de barco de Natal, no Rio Grande do Norte. Mas bastou uma visita ao paraíso para que a hoje chefe da Reserva Marinha do Atol das Rocas soubesse que era lá seu lugar. Já se vão 15 anos. De lá para cá, dedica sua vida à preservação desse refúgio, o único do tipo no Atlântico Sul. Tanto esforço pode ser notado a cada turno que cumpre no atol, com a identificação de novas espécies ou por episódios como a época de desova das lagostas, em que as centenas de animais nas lagoas deixam evidente a saúde ambiental do atol. Na pequena ilha, Zélia desdobra-se, com voluntários, para fazer cumprir a proibição de pesca, disciplina que tem sido recompensada: às vezes passam-se meses sem que seja preciso furar as altas ondas a bordo do pequeno bote a motor disponível para afugentar algum barco pesqueiro. Aos 40 dias de ilha sucedem outros 40 em Natal. Hora de costurar, em terra, os relacionamentos que garantem a continuidade dessa preservação. Conhecida de longa data de boa parte dos pescadores, Zélia procura ter sempre gente de confiança em todas as rodas. Ela sabe que, se uma crise apertar, um pescador pode ficar tentado a jogar suas redes no atol. Pelos amigos, pode saber com antecedência do perigo e alertar a guarda costeira.