’’O cunhado de uma amiga designer não sabia que existia a santa opção ”silenciar”. Por isso, saiu do grupo da família, o que configura ofensa grave.’’
"Essa Páscoa foi ótima. No domingo, todos trocaram fotos do almoço." Depois que minha mãe contou isso, tive certeza sobre a minha decisão de não usar WhatsApp, só para escapar dos grupos de família.
Mas o exemplo do almoço é perfeito. O WhatsApp virou a grande festa da família brasileira. É um almoço de domingo que nunca acaba. Tipo drivethru 24 horas.
E haja loucura! Um amigo revela:
"Minha família tem três grupos: o de todo mundo e dois subgrupos menores. No maior, são 11 pessoas, e eles trocam um monte de bobagem sem parar. Meu primo fala: ‘Aê, tio, viu que os índios estão protestando?’. E começam a mandar artigos sobre índio, até que minha prima, antropóloga, briga com meu pai e manda ele parar de fazer piada de índio. Depois ele manda um vídeo fazendo piada com antropóloga, e todos riem". O que é dito no grupo, ele explica, vira fofoca nos subgrupos. "Se alguém fala que vai casar, todo mundo fala: ‘Que maravilha’. Mas aí no grupo menor soltam: ‘Nossa, que horror casar com aquele cara?’. Tenho vontade de gritar: ‘I don’t care! Não quero saber!’." Como fazer isso seria cortar relações (assim como sair do grupo), ele deixa os grupos no modo silencioso.
O cunhado de uma amiga designer não sabia que existia a santa opção "silenciar". Por isso, saiu do grupo da família, o que configura ofensa grave. "O grupo surgiu para fazer uma festa surpresa para a minha tia. Mas como ela foi operada de emergência, virou um grupo de oração!" Madura, ela diz: "Eu silencio, mas acho fofo".
O videomaker Felipe Dalanese achava fofo, até as eleições. "O meu grupo é tranquilo. Mas nas eleições não deu! Meu pai mandava uns textos reacionários e eu tive que tomar uma atitude." Mas qual? Conta, estamos todos atentos: "Telefonei e falei que não era bem assim, que ele tinha que parar".
Conclusões: O melhor jeito de fugir é não ter WhatsApp. Se isso for impossível, deixar no silencioso (opção: por 1 ano!) pode ajudar. E quando alguém perder a noção: telefone. Parece que conversa com voz ainda funciona.