Sacudiu a poeira e foi ao cinema

por Tania Menai

Vida de jornalista é assim: em qualquer roda sempre tem alguém que te pergunta quantos jornais você lê por dia. Esperam respostas magníficas tipo o Financial Times inteiro, o Wall Street Journal de cabo a rabo, o New York Times antes do sucrilho, e o Le Monde, bien sûre.

E tem a minha resposta: “acabo de assinar a Real Simple. Yes, uma revista que ajuda você a aprender limpar banheiro sorrindo.

A revista me convenceu quando saiu com a capa de abril dizendo: “Odeia limpar? Dicas rápidas para fazer qualquer ambiente brilhar.” Ah, pra quem não sabe, uma faxineira nessa bela cidade cobra de 50 a 100 dólares por algumas horas na sua mansão de quase nenhum metro quadrado. Então o negócio é colocar a mão na massa. Todos os meus amigos tem o dia da faxina, muitas vezes feita em casal. Enquanto um esfrega a banheira, o outro limpa o fogão. Quer coisa mais romântica? 

E dá-lhe Windex (esse mesmo, o do filme do casamento grego), esponja e Clorox. Mas todo esforço é quase em vão: a poeira volta em quatro minutos. Beira o surreal. Esse negócio de madame querendo tudo 100% limpo 24 horas por dia não existe. Mas nada de jogar poeira pra debaixo do tapete marroquino laranja. A gente coloca a música no máximo, arrasta os móveis, dança, passa a vassoura e o “Grab it” (aqui não tem ralo, então isso absorve a sujeira e é jogado no lixo). Aí é só pegar os 50 dólares, ir ao cinema, pagar um belo jantar ou comprar aquele rímel para cílios longos... que a Real Simple indicou.

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