Acompanhamos o treino puxado da seleção feminina da Nova Zelândia e conversamos com uma de suas melhores atletas
A Nova Zelândia é aquele país longe da África e do Brasil, mas perto da Austrália e da Terra Média, o cenário fictício dos filmes de Senhor dos Anéis. Além desse minúsculo sumário, a Nova Zelândia é também o país do rugby. “Ele é parte de nós”, diz Portia Woodman, uma das melhores atletas da seleção neo-zelandesa de rugby sevens [variante do rugby com equipe de sete pessoas].
Sob sol saariano e ao som de Miley Cirus e outras pérolas pop, acompanhamos um treino da equipe no Brasil no campo do 22º Batalhão de Logística Leve do Exército, em Barueri, para a etapa do campeonato mundial. As moças bateram (ou tacklearam), correram, lançaram umas bolas, chutaram outras tantas e bateram mais um pouco.
Depois da sessão, elas nem pareciam cansadas. A Tpm aproveitou o intervalo para conversar um pouco com Portia, estrela do time. Considerada uma das melhores atletas do campeonato, ela falou conosco a respeito do esporte – uma versão reduzida do rugby tradicional – e das diferenças entre as equipes feminina e masculina que estão menos no modo de jogar que no apoio dos órgãos oficiais.
O rugby é um esporte nacional para a Nova Zelândia, mas geralmente é atribuído a homens. Tem muitas mulheres que jogam rugby por lá também? Portia: Sim, o rugby é o esporte número um Nova Zelândia e é um esporte dominado por homens. Mas a seleção feminina já joga há muitos anos e realmente a modalidade tem crescido muito entre mulheres.
Acredito que vocês tenham começado a jogar com garotos. Sim, com a maioria de nós foi assim. Muitos garotos jogam rugby e acho que a Huriana [capitã da equipe] foi uma das primeiras garotas a jogar rugby com os garotos em Auckland. É natural para os neo-zelandezes brincar com uma bola de rugby. Você sempre tem um avô, um tio, alguém na família que joga rugby. É parte de nós.
Como o futebol aqui. Sim, exatamente como o futebol aqui.
Mas o futebol feminino aqui sofre com a falta de apoio, mesmo a seleção principal. Isso acontece com vocês lá? Ainda tem uma grande diferença entre o rugby feminino e o rugby masculino. Mas essa modalidade do rugby, o sevens, está crescendo. Você consegue ser sempre mais corajosa quanto a isso. Temos apoio e o que temos agora é mais do que tinham as Black Ferns [seleção neozelandeza de rugby union, modalidade clássica do esporte] quando começaram. Temos sorte pelo que temos agora.
Vocês acham que toda garota pode jogar rugby? Se você é apaixonado por rugby, não vejo por que não jogar. Toda garota pode jogar rugby. Você precisa se preparar, não é pra qualquer um. Você precisa ser psicologicamente forte. Boa parte do tempo você está correndo e você fica exausta.
Vocês se chamam de “Sisters”. Vocês realmente se sentem como irmãs? Sim. Dentro e fora do campo somos irmãs. Quando não estamos jogando nós saímos juntas muitas vezes. Somos muito próximas. Esses valores familiares são muito importantes na nossa cultura.
Vocês se sentem pressionadas vindo da Nova Zelândia, um país tradicional do rugby? Acho que existe pressão, mas não sentimos essa pressão em nós. É uma pressão que colocamos em nós mesmos.