Qual é o seu sonho?

por Tania Menai
Tpm #138

A carioca Paula Lobo realizou o dela e se tornou fotógrafa de dança do The New York Times

A carioca Paula Lobo, 35 anos, desembarcou em Nova York em 2009 em busca de alguma paixão. Depois de ter trocado a carreira publicitária pela fotografia dois anos antes, ela veio passar férias e aproveitou para clicar um grupo de dança. Mas aqui é Nova York, onde uma coisa leva a outra, um bailarino leva a outro, e hoje Paula é uma das fotógrafas de dança do The New York Times, com mais de 60 trabalhos publicados no jornal. “O escritor americano E. B. White escreveu que você só pode vir morar nesta cidade se você se considera um sujeito de sorte”, lembra ela. “Eu me considero, sim. Mas a segunda palavra da cidade é persistência”, acrescenta.

Paula trabalhou em uma loja nova-iorquina de chocolates. Juntou dinheiro. Comprou uma passagem para a Turquia e foi fotografar uma bailarina de dança oriental. Quando voltou para Nova York, estava com um portfólio sólido, caprichadíssimo, e uma história para contar: a dela. “Jornalistas gostam de boas histórias, por isso, quando bati na porta do The New York Times, saí de lá com um contrato de freelancer”, diz ela. “Os americanos querem saber qual é o seu sonho, a sua busca e o que você está fazendo para chegar lá”, ensina. “Adoro esse estímulo, coisa que nunca encontrei no Rio de Janeiro, apesar de amá-lo.” Seu principal projeto – um livro que ela prepara sobre bailarinos pelo mundo – foi registrado em 2012 pelo canal Multishow em um programa chamado Mundo em movimento, que mostrou suas incursões em cantos da Índia, Japão, Marrocos, México e Porto Rico.

A carioca domina técnicas de dança por ter estudado balé clássico durante 17 anos, mas diz que é fundamental conhecer o bailarino para perceber qual emoção o move. “Sempre que eu vejo um show de dança, volto para casa e procuro os bailarinos que gosto na internet. Marco um café e a partir dai nasce um relacionamento. Por isso as fotos ficam autênticas.” Quando contratada para registrar espetáculos, Paula também não sai de lá sem trocar dedos de prosa, seja com o coreógrafo ou com o engenheiro de luz. “Todos ali são eternos apaixonados – é uma carreira em que se ganha pouco, todo o dinheiro vem de fundações ou de famílias ricas que acreditam na dança.”

Escalada

Moradora do Brooklyn, Paula diz que o ritmo mais calmo dessa parte de Nova York é essencial para artistas. “O Brooklyn nos dá o tempo que precisamos para criar. Em Manhattan, sinto-me mais estressada.” Além de todas essas paixões, ela ainda ganhou mais uma de brinde: a escalada. O acaso a levou para uma parede no Brooklyn e, no dia seguinte, ela já tinha todos os equipamentos comprados. “Tudo mudou: a hora de dormir, a alimentação, a disciplina”, diz ela, que já deu uma subidinha nas montanhas do Rio. “Vejo a minha vida profissional como aquela frase do escalador americano Alex Honnold: ‘Não importa quanto tempo leva para chegar lá; o que vale são os movimentos, um por um’.”

Vai lá: http://paulalobo.com

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