Foi-se o tempo em que os homens se dividiam entre caretas e modernos
Foi-se o tempo em que os homens se dividiam entre caretas e modernos. Agora, temos o executivo sensível, o ciclista que vai salvar o mundo, o “cozinho melhor que você”... Confira os tipos mais encontrados nas grandes cidades, com informações para tentar compreendê-los
O homem manifestação
Anda com uma câmera no bolso (para filmar abusos da PM), passa o dia postando convites para manifestações e abaixo-assinados no Facebook. Vai a todas as manifestações. Apoia os professores, os índios, os bichos abandonados, simpatiza com os Black Blocs, ama a Mídia Ninja e acorda de manhã falando: “Amarildo! Amarildo!”. Tem um estoque de vinagre em casa e faz degustação de gás lacrimogêneo com os amigos – “o dessa manifestação era mais forte”, “não, as bombas de junho eram
piores”. Seu modelo para manifestação é muito style e ele coleciona lenços, que têm uma amarração toda
especial. Pensa em visitar países em crise, tipo a Turquia, para apoiar manifestações internacionais.
O politizado muito macho
É super de esquerda. Apoia as blogueiras feministas. Compartilha em redes sociais textos sobre a cultura do estupro no Brasil. Mas, bem, antes de tudo, ele é macho. Por isso, xinga quem não vota na mesma pessoa que ele. É a favor da causa gay, mas prefere passar frio a usar um cachecol (“roupa de viado”). Chama a namorada de “minha mulher” e não a leva para as mesas de bares onde ele discute política. Ela fica em casa. Ué, mas ele não era feminista? Pois é.
O executivo sensível
Carrega a bolsa do laptop junto com uma sacola de bebê. Escolheu um cargo de alto comando no mercado financeiro, mas, mesmo assim, dirige um carro ecológico e carrega seu bebê num sling comprado na Holanda, seu destino preferido nas férias, pois lá a maconha é liberada. Ama o seu iPhone e o seu BlackBerry. Um é usado para o lazer e o outro, para o trabalho. Mesmo assim, acha que boicota os produtos feitos com mão de obra escrava em países pobres de terceiro mundo. Bem, ele só acha, né?
O “cozinho melhor que você”
Realmente, o cara sabe cozinhar. Ele tem boa mão e talento. Só que, para ele, cozinhar é algo sublime. Por isso, ele tem que ter a melhor faca, a melhor panela e os melhores temperos sempre à sua disposição. O fato de saber cozinhar muitas vezes vira competição com a mulher ou namorada, que sempre vai ter seus pratos criticados por um homem-júri. Até que um dia a pobre pode desistir de cozinhar para não sofrer bullying. Até a sopa do seu bebê de 6 meses tem que ser feita com sabores e misturas especiais e, claro, um “perfume” de um tempero exótico.
O homem bienal
Ele se interessa por arte e está começando uma coleção de artistas contemporâneos. Enche a boca para falar sobre o acervo da Tate Modern e vai para a SP Arte com olhar afiado para “investir em novos talentos”. Ama Berlim e países nórdicos. Tem um amigo artista finlandês em residência no Brasil. Ama a palavra residência (que, nesse caso, não significa o lugar onde uma pessoa mora, mas uma residência artística).
O ciclista salvador do mundo
Ele está salvando o mundo. E que ninguém ouse dizer o contrário. Ele não vota, joga lixo no chão e talvez trate mal um garçom. Mas ele se considera um ser em missão de salvar o planeta Terra, nos livrando do aquecimento global e da emissão de CO2 pelo simples fato de andar de bicicleta. Claro, ele tem um carro, que usa escondido. Sua bike é importada, caríssima, assim como os acessórios para usá-la.
O globetrotter indie
Ele vai a todos os festivais. Coachella, Burning Man, Reading... Tem amigos músicos internacionais e faz festa para eles quando, por acaso, eles tocam no Brasil. Mas faz pouco de qualquer show em solo brasileiro, afinal, ele já viu a banda antes, quando ela realmente era novidade. Acompanha a programação mundial em podcastings e rádios estrangeiras que ele ouve em seu iPhone 6 (Como? Ele ainda não foi lançado?). Ataca de DJ de vez em quando para exibir seus conhecimentos musicais indie-contemporâneos-up-to-date.
O homem crossmedia
Fala sobre produção de conteúdo, é especialista em social media e social network. Usa termos em inglês em tudo o que fala. Conhece a nova rede social que faz sucesso no Japão, tem teorias sobre os gaps culturais entre as culturas e sabe qual rede faz mais sucesso no Brasil. Tem todos os novos aparelhos tecnológicos do mundo e comprou um Google Glass (aqueles óculos ridículos) só para experimentar e fazer uma matéria no seu blog, que já foi substituído por um Tumblr, porque blog é coisa do passado.